Quem visita a Basílica de São Pedro, no Vaticano, depara-se com três pontos de aglomerações: extasiadas diante da Pietá de Michelangelo Buonarotti, contemplativas ante as colunatas de Bernini e reverenciando o corpo embalsamado de João XXIII.
João XXIII (1881–1963), papa de 1958 a 1963, nasceu em Bergamo, como Ângelo Giuseppe Roncalli, que sucedeu ao papa Pio XII. Em janeiro de 1959, anunciou reservadamente a intenção de convocar um concílio ecumênico, a fim de estudar medidas para a renovação da Igreja no mundo moderno, para a promoção da diversidade dentro da enclausurada unidade eclesiástica e para levar adiante reformas seriamente estimuladas pelo movimento ecumênico e o movimento litúrgico.
Desta forma, a convocação do Concílio em 11 de outubro de 1962 foi o ponto alto de seu pontificado. A amabilidade, o entranhado amor pela humanidade, individual e coletivamente, e o frescor na abordagem dos assuntos da Igreja trouxe-lhe o apodo de “O Bom Papa João”, um dos mais amados papas da história. Ele foi sucedido por Paulo VI e beatificado em 2000 pelo Papa João Paulo II.
Uma passagem interessante em seu pontificado ocorreu em abril de1959, quando proibiu os católicos de votar em qualquer partido que defendesse o comunismo. Contudo, sua encíclica Mater et Magistra – um vigoroso documento publicado em 14 de julho de 1961 – clamava por reforma social, assistência aos países subdesenvolvidos, salários dignos para todos os trabalhadores e apoio a todas as medidas socialistas que redundassem em real benefício à sociedade.
O Concílio Vaticano II foi o 21º concílio da Igreja Católica Romana. Seu manifesto propósito foi a renovação espiritual da Igreja e o reposicionamento no mundo moderno.
A mais espetacular inovação do Concílio foi o convite às igrejas protestantes e ortodoxas do Leste para que enviassem observadores. As sessões foram assistidas por representantes de muitas outras igrejas.
Um dos objetivos do conclave era a reforma da liturgia. Fundamentalmente, fazer com que os fiéis participassem mais de perto dos serviços eclesiais e, por conseguinte, encorajar a diversidade na linguagem e na prática. Grande ênfase foi dada desde o princípio aos deveres pastorais dos bispos, distintos das obrigações administrativas.
O regimento do concílio, fundado nas práticas democráticas, propiciou um vivo debate entre as correntes progressistas e conservadoras. Do encontro, surgiram quatro constituições, nove decretos e três declarações. A natureza das afirmações foi de conciliação, evitando definições rígidas e anátemas condenatórios. O papa João XXIII praticamente dobrou o número de cardeais, fazendo deste colégio de purpurados o mais numeroso até então.
A Sessão II, de setembro a dezembro de 1963, aprovou a Constituição da Sagrada Liturgia, permitindo a vernacularização da liturgia – a missa seria conduzida na língua local, e não mais em latim, e o oficiante deveria estar voltado de frente para os fieis, estimulando sua maior participação no ritual.
Na Sessão III, de setembro a novembro de 1964, aprovou-se a Constituição Dogmática da Igreja que esposou o princípio da colegialidade Episcopal com o Santo Padre, os decretos sobre o ecumenismo e sobre as igrejas católicas do Leste e a proclamação da Abençoada Virgem Maria como a “Mãe da Igreja”.
A Sessão VI, aberta pelo papa Paulo VI depois da morte de João XXIII, publicou uma série de medidas de ordem interna, destinada a abrir a Igreja para os ventos da modernidade. Um ponto de destaque foi a declaração sobre o relacionamento da igreja católica com as religiões não-cristãs que incluiu uma passagem importante que condena o antissemitismo e reconhece “o vínculo que liga espiritualmente o povo das Doutrinas da Graça do Novo Testamento com o legado de Abraão”.
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