No auge de sua carreira, John Reed morre de tifo, em Moscou, em 19 de outubro de 1920. A popularidade de Reed como líder revolucionário levou à criação de clubes John Reed por todos os Estados Unidos. Sua vida foi objeto de um consagrado filme de 1981, Reds, estrelado por Warren Beatty.
Jornalista norte-americano e poeta-aventureiro, sua vida pitoresca de escritor revolucionário terminou na Rússia, mas fez dele um herói de uma geração de intelectuais de esquerda. Reed foi amigo íntimo de Lenin e testemunha ocular da Revolução de Outubro de 1917.
Registrou os históricos acontecimentos no seu famoso livro Os dez dias que abalaram o mundo (1920). Reed está enterrado com outros heróis bolcheviques ao lado dos muros do Kremlin.
John Silas Reed nasceu em Portland, Oregon, em 1887 em uma família de posses e socialmente ativa. No colégio, juntou-se à equipe de natação e ao grupo de teatro. Após graduar-se na Harvard em 1910, viajou pela Europa. De regresso, começou a trabalhar como jornalista em revistas de esquerda. Foi um dos principais repórteres da New Review e The Masses.
Em 1913 publicou seu primeiro livro, Sangar, uma coleção de poemas. Foi preso ao tentar discursar para trabalhadores em greve em Paterson, Nova Jersey. Reed passou 4 dias na prisão. Escreveu então O Espetáculo da Greve de Paterson encenado no Madison Square Garden, em benefício dos trabalhadores. Nos anos seguintes foi preso várias vezes por organizar greves.
No começo dos anos 1910, Reed foi ao México para cobrir a Revolução Mexicana para a revista Metropolitan e a New York World. Passou quatro meses com Pancho Villa e suas tropas, descrevendo a luta revolucionário em México insurgente (1914).
Durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhou como correspondente de guerra. Muitas de suas reportagens foram rejeitadas devido as suas simpatias políticas. Reportagens sobre a guerra na Alemanha, Sérvia, Romênia, Bulgária e Rússia foram reunidas no livro A Guerra na Europa Oriental (1916). Em 1916, depois de ser operado para a remoção de um dos rins, passou a apoiar o presidente Woodrow Wilson quando este declarou guerra à Alemanha.
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Temporada russa
Reed foi um dos repórteres mais bem pagos dos Estados Unidos, mas sua ideia de viajar à Rússia para cobrir a Revolução foi recebida com pé atrás. Conseguiu, no entanto, a concordância da The Masses e viajou para São Petersburgo.
Reuniu-se diversas vezes com Lenin a quem mostrou os originais do Dez dias …. Planejou sair da Rússia pela Letônia, mas era impossível atravessar o terreno entre os fronts do exército branco e o Exército Vermelho, de modo que teve de fazê-lo pela Finlândia mesmo, tentando utilizar a tradicional rota bolchevique.
Contudo, a aventura terminou em Turku, a bordo de um navio. Foi julgado e preso por contrabando. Libertado em junho, voltou a São Petersburgo através da Estônia.
Os três meses em Turku o debilitaram mental e fisicamente. Em Moscou foi eleito para o Comitê Executivo do Comintern. Seu livro foca um momento crucial da história, quando Lenin pressiona os bolcheviques a tomar o poder.
Operários, camponeses, soldados e marinheiros assaltaram o Palácio de Inverno. Trotsky anunciou a derrocada do governo provisório e forças contra-revolucionárias ameaçaram Moscou. Reed relata conversas e discussões, detalha as maquinações políticas e especula sobre motivos pessoais.
Nos Estados Unidos, antes de escrever o livro, colaborou em 1919 com a Voz do Trabalho editada pela The New Communist, participou em Chicago do congresso do Partido Socialista da América, tornando-se líder da facção Partido Comunista do Trabalho.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.