“A principal tarefa deste governo é aplicar as decisões da cúpula (da UE de 26 de outubro)”, disse o novo primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, em seu primeiro discurso no parlamento após assumir o cargo. O ex-vice-presidente do BCE (Banco Central Europeu), que foi alçado ao comando do governo de união nacional após a queda do socialista Giorgos Papandreou, usou seu pronunciamento para assegurar à União Europeia que cumprirá o pacote de austeridade fiscal exigido para manter a Grécia na zona do euro e refinanciar a dívida pública do país.
Apesar de contar com o apoio da maior parte dos deputados, Papademos enfrentrou o primeiro ato de resistência da oposição. O líder do partido conservador, Antonis Samaras, se recusou a assinar, em nome da legenda, um termo de compromisso enviado pela UE para liberar a próxima parcela do pacote de ajuda. Samaras já havia alertado que considerava a imposição das lideranças europeias, que exige a ratificação do plano de resgate por todos os partidos, inaceitável.
O líder da oposição disse que não apoia mais medidas de austeridade econômica e defendeu mudar a receita para sanear a economia grega, que, em sua opinião, deve deixar a fórmula dos cortes de gastos e altas de impostos para outra que favoreça o crescimento.
Na próxima quarta-feira (16/11), Papademos passará por um teste de fogo com a votação de uma moção de confiança ao novo Executivo, respaldado por social-democratas, conservadores e ultradireitistas. “Se essas decisões forem aplicadas e as medidas associadas a elas forem tomadas, a Grécia pode olhar para o futuro com confiança”, disse o premiê, que ficará provisoriamente no cargo por cerca de 100 dias.
Papademos disse que, até o fim do ano, serão aprovados 24 programas para impulsionar o emprego – a taxa de desemprego supera 18% – e anunciou que 20 projetos de investimentos estrangeiros, avaliados ao todo em 5,5 bilhões de euros, precisam ser aprovados de forma urgente.
O premiê também antecipou a polêmica reforma do código disciplinar dos funcionários – para lutar contra o absenteísmo, melhorar a produtividade e impor-lhes o cumprimento das leis – e novas medidas para enfrentar a evasão fiscal. “A saída da crise e o desenvolvimento não serão possíveis sem sacrifícios, mas esses sacrifícios devem ser repartidos de maneira justa”, declarou Papademos.
O programa do governo de união nacional está limitado ao desbloqueio dos 8 bilhões de euros do sexto lote do primeiro resgate financeiro internacional à Grécia – de maio de 2010 -, à ratificação do segundo plano de resgate, estipulado em outubro, e à aplicação das medidas de austeridade determinadas pelo acordo com os credores.
O primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, chefe do chamado Eurogrupo – fórum dos ministros das Finanças da zona do euro -, insistiu explicitamente em uma declaração por escrito sobre as medidas de austeridade que Atenas deve adotar para garantir a ajuda internacional.
Papademos deve se reunir com os ministros das Finanças da Europa para expor seus planos. Também no final da semana, espera-se que o novo chefe do Executivo se reúna com os chefes de delegação do grupo de três instituições credoras da Grécia conhecido como “troika” – formado pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.
*Com informações da agência Efe
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