Franz Peter Schubert foi um compositor austríaco cuja obra, melódica e poética, marca o nascimento do romantismo. Um dos grandes compositores da história da música, ele morreu de febre tifoide em 19 de novembro de 1828, aos 31 anos.
Dotado de estilo marcante, imaginativo, inovador e poético, escreveu cerca de 600 canções (o “lied” alemão), assim como obras de câmara, sonatas, óperas, sinfonias, entre as quais a “Inacabada”. Não houve reconhecimento público dessa copiosa obra durante sua curta vida. Do ponto de vista da notoriedade, teve a infelicidade de ser contemporâneo e viver na mesma cidade – Viena – que o gênio Beethoven, que atraia todas as atenções. Teve sempre dificuldade em assegurar um emprego permanente, vivendo muitas vezes à custa de amigos.
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Retrato de Franz Schubert feito em 1825, feito por Wilhelm August Rieder
Schubert nasceu em 31 de janeiro de 1797 no subúrbio vienense de Himmelpfortgrund. Membro de uma família numerosa recebeu do pai as primeiras lições de violino. Em 1808, passa a cantar como soprano no coro da igreja de Lichtental, sendo mais tarde admitido na capela imperial de Viena, o que lhe permite estudar no Ginásio Acadêmico. A partir de 1812 recebeu aulas de composição e contraponto de Antonio Salieri, rival de Mozart, então mestre-musical da corte de Viena.
Sua voz muda em 1813 e Schubert passa a compor seus primeiros trabalhos : fantasias e danças para piano, ‘lieder’, quartetos de corda e sua primeira Sinfonia. Com somente 17 anos, compõe a Missa nº 1 para o jubileu do centenário da igreja de Lichtental. De 1815 data também sua primeira obra-prima no campo da ‘lied’ : Margarida na Roca.
Os anos 1815 e 1816 seriam os mais produtivos com obras de todos os gêneros. Em fevereiro de 1815 compõe a Sonata para Piano em mi maior ; em março a Missa nº 2 ; em novembro a Missa nº 3 ; em fevereiro de 1816, Stabat Mater ; em abril a Sinfonia nº 4 “Trágica” ; em julho a Missa nº 4, no outono a Sinfonia nº 5. Ademais durante esse período são editadas mais de 200 ‘lieder’, ntre as quais O Viajante. No final de 1816, hospedado na casa do amigo von Schober, conclui 6 sonates pour piano, a ‘lied’ A Jovem e a Morte e o Quinteto para Piano e Cordas A Truta, uma pequena obra-prima.
Os anos 1819 a 1823 veem o estilo de Schubert evoluir muito rapidamente. Suas composições se tornam mais raras e muitas restam inacabadas, como a Sinfonia nº 8, a “Inacabada”. São os seus chamados ‘anos de crise’. Não obstante, sua notoriedade ultrapassa os salões literários e orquestras amadoras. Sua A Harpa Encantada é representada no Teatro Estatal de Viena. A partir de 1821, as reuniões de amigos em torno da música de Schubert tomam o nome de “schubertiades”.
Em 20 de dezembro de 1823 tem lugar a première de Rosamunde, peça de Helmina von Chézy para a qual compôs a música de cena. A música foi recebida favoravelmente mas a peça, um total fracasso, representada somente duas vezes.
No começo de 1823, o ciclo de ‘lieder’ A Bela Moleira abre uma nova página do estilo. No ano seguinte porém, com o agravamento da uma doença, passa a ter uma visão de mundo pessimista. Dedica-se essencialmente à música de câmara da qual pode-se destacar a sonata “Arpeggione”.
Em 1825, descobre a poesia do inglês Walter Scott que lhe inspiraria cantos da série “A Dama do Lago” publicados em edição bilingue. Um dos cantos, Terceiro Canto de Ellen, alcançaria uma enorme popularidade sob o nome de Ave Maria. No verão se dedica totalmente a sua Grande Sinfonia nº 9 que concluiria no ano seguinte.
No final de 1826, parece que o gosto do público não seguiu a evolução de sua música. Uma execução projetada de sua 9ª Sinfonia teve de ser abandonada. Apesar de conrtrariado, compõe duas séries de Impromptus e dois grandes trios para piano e cordas.
Beethoven
Em março de 1827 morre Beethoven. Schubert participa das grandes cerimônias. O desaparecimento daquele que era reconhecido como o grande gênio da música parece agir como elemento liberador e durante os 20 meses seguintes acumula obras-primas a começar pelo ciclo de ‘lieder’ A Viagem de Inverno.
Um ano após a morte de Beethoven, tem lugar o primeiro concerto totalmente dedicado às obras de Schubert, todavia um pouco eclipsado pela presença em Viena de Paganini.
A sua morte, deixou cerca de mil obras, das quais apenas uma centena publicada em vida. A publicação das obras se estenderia pelo século 19 e seria praticamente terminada com a Primeira Edição Completa sob a direção de Johannes Brahms por ocasiao do centenário de nascimento do compositor em 1897. A parte central do repertório é representada pelas ‘lieder’ compostas sobre textos dos maiores poetas alemães e estrangeiros como Goethe, Schiller, Heine, Scott, Shakespeare e Petrarca.
Conta-se que Beethoven, irritado pela surdez e praticamente recluso, depois de ter recebido de Schubert algumas de suas ‘lieder’ teria exclamado : “Na verdade há nesse Schubert uma centelha divina!”.
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