Mesmo com o pedido do marechal Hussein Tantawi pela aceleração do processo eleitoral no Egito, o primeiro-ministro do país, Kamal Ganzouri, confirmou nesta quarta-feira (08/02) que a Junta Militar seguirá no poder até o dia 30 de junho.
Ele explicou que, embora o registro de candidatos para as eleições presidenciais tenha início no próximo dia 10 de março, o Conselho Supremo das Forças Armadas se manterá como máxima autoridade do país até a data prevista. Neste período, Ganzouri acrescenta que será redigida e levada a consulta pública uma nova Constituição para o país.
Nesta semana, aumentou a pressão para que a cúpula militar transfira imediatamente o poder a uma autoridade civil. Confrontos no Cairo e outras cidades eclodiram após a morte de mais de 70 pessoas durante um jogo de futebol na cidade de Port Said.
Agência Efe
Ganzouri criticou a convocação feita por vários grupos de ativistas e movimentos políticos à desobediência civil no próximo dia 11 de fevereiro, quando será lembrado o primeiro aniversário da renúncia do ex-ditador Hosni Mubarak. Para o chefe de governo, grupos como o Movimento seis de abril, Kifaya e Coalizão dos jovens de Maspero deveriam celebrar nesse dia “a queda do antigo regime e não convocar greves e paralisações da vida normal”.
Para PLJ (Partido Liberdade e Justiça), braço político da Irmandade Muçulmana que conquistou a maioria do novo Parlamento egípcio, “a situação do país já não pode suportar mais distúrbios”.
Mudanças
No último dia 24 de janeiro a Junta Militar egípcia revogou o estado de emergência que vigorava no país desde 1981 lembrando que “o povo e as Forças Armadas têm o mesmo objetivo: que o Egito se transforme em um país democrático”.
Também em janeiro e sob a promessa de entregar a liderança do país a um presidente civil até junho de 2012, o militar entregou o poder legislativo do Egito à primeira Assembleia do Povo (Câmara Baixa) constituída por eleições populares desde o início do regime de Hosni Mubarak.
Às vésperas do primeiro aniversário da Revolução de Lótus, no dia 22 de janeiro, os governantes concederam indulto a cerca de dois mil presos que estavam sendo julgados em tribunais militares. Os beneficiados eram militantes e ativistas opositores ao regime de Hosni Mubarak que, segundo as autoridades, praticaram delitos “após a deterioração da segurança com a Revolução de 25 de janeiro”.
Violência
Levantes populares, contudo, intensificaram-se nos últimos dias. A morte de mais 70 espectadores de um jogo de futebol na cidade de Port Said levantou a suspeita de que a violência tenha sido desencadeada por razões políticas e reforçou a insatisfação de civis com a Junta Militar egípcia.
O incidente levou 143 deputados do novo Parlamento do país a assinarem um documento no qual atribuem ao ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, a responsabilidade pela tragédia e pedem que renuncie ao cargo.
No último domingo (06/02), centenas de mulheres egípcias dirigiram-se à Praça Tahrir, principal palco das manifestações em prol de um regime popular e democrático no país, para protestar contra o aumento da violência contra ativistas e militantes.
Assim como os torcedores do time de futebol Al-Ahly e Zamalek, as mulheres responsabilizaram as forças de segurança e o CSFA (Conselho Supremo das Forças Armadas) de terem sido permissivos com as dezenas de mortes no sangrento episódio de Port Said.
(*) Com informações da Agência Efe
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