Atualizada em 11/02/2015
“Cogito ergo sum” (Penso, logo existo)
Em 11 de fevereiro de 1650, morre de Pneumonia, na Suécia, aos 53 anos, o célebre filósofo francês René Descartes.
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Seu pensamento inspiraria diretamente a obra de Baruch Spinoza, que lhe dedica o primeiro volume de sua série Princípios da Filosofia de Descartes (1673).
Descartes foi um homem discreto, embora já célebre em todos os círculos eruditos da Europa. Não assinava suas obras para evitar aborrecimentos e sobretudo a censura da Santa Sé, que, há pouco, havia condenado Galileu Galilei.
Nasceu em 31 de março de 1596 em Touraine, em uma cidadezinha chamada Haia. Foi uma criança enfermiça, mas tomada de uma insaciável curiosidade. Fez seus estudos no colégio jesuita de La Flèche. Insatisfeito com a formação recebida, lança-se na vida parisiense tão logo recebe seu diploma de direito.
Em 1618, com a eclosão da Guerra dos Trinta Anos se alista em diferentes exércitos da Europa e descobre, dessa forma, o “grande livro da vida”. Segundo suas anotações póstumas, renunciou a esta vida de aventuras “em 10 de novembro de 1619, quando, cheio de entusiasmo”, encontrou “os fundamentos de uma ciência admirável”.
Encerra-se, desde então, em casa, em sua poêle (frigideira), como dizia, e entrega-se à especulação científica e filosófica. Começou em Paris e depois migrou para a Holanda, onde a liberdade de pensamento era melhor assegurada.
Descartes tornou-se célebre rapidamente por suas numerosas cartas e seus trabalhos em matemática. Mas isto não foi suficiente. Vendo-se como um “novo Aristóteles”, posa como fundador da filosofia moderna e, consequentemente, de um método de raciocínio que se convencionou chamar cartesiano.
Publica em 8 de junho de 1637, em Haia, um opúsculo em francês intitulado Discurso do Método para Bem Conduzir sua Razão e Buscar a Verdade nas Ciências.
O texto estabelece quatro regras indispensáveis ao conhecimento: desconfiar de tudo e, em primeiro lugar, dos sentidos (regra da dúvida); decompor um problema em seus distintos elementos (regra da análise); reorganizar cada elemento do mais simples ao mais complexo (regra da síntese ou indução); verificar que nada foi esquecido durante o raciocínio (regra da enumeração ou dedução).
Nas palavras do próprio Descartes “em vez desse grande número de preceitos que constituem a lógica, julguei que me bastariam os quatro seguintes, contanto que tomasse a firme e constante resolução de não deixar uma só vez de os observar”.
O primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa sem a conhecer evidentemente como tal, isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; não incluir nos juízos nada que não se apresentasse tão claro e tão distintamente ao espírito, que não tivesse nenhuma ocasião para o pôr em dúvida. O segundo, dividir cada uma das dificuldades que tivesse de abordar no maior número possível de parcelas que fossem necessárias para melhor resolve-la. O terceiro, conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir pouco a pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais compostos, admitindo mesmo certa ordem entre aqueles que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último, fazer sempre enumerações tão complexas e revisões tão gerais, que tivessem a certeza de nada omitir”.
O Discurso do Método marca o nascimento da filosofia moderna. O argumento da autoridade cede lugar à dúvida e ao método. Em outros termos, pode-se ter a capacidade de duvidar de todas as coisas de modo construtivo desde que não se duvide de nossa capacidade de duvidar. É o que Descartes exprime na quarta parte da obra numa fórmula celébre: cogito ergo sum.
Também nessa data:
1482 – Tomás de Torquemada é nomeado inquisidor
1763 – Inglaterra e França assinam tratado que encerra Guerra dos Sete Anos
1950 – Governo comunista afirma ter o controle de toda a China
1966 – Morre o primeiro-ministro da Índia, Lal Bahadur Shastri, após assinar tratado de paz com o Paquistão
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