No dia 30 de março de 1948, Henry Wallace, ex-vice-presidente e candidato presidencial pelo Partido Progressista nas eleições de novembro de 1948, ataca a política adotada pelo presidente Harry Truman frente à Guerra Fria. Wallace e seus aliados estavam entre os poucos norte-americanos que expressavam ativamente críticas à mentalidade bipolar dos EUA entre as décadas de 1940 e 1950.
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Amplamente admirado por sua inteligência e integridade, Wallace servira como vice presidente de Franklin Roosevelt de 1941 a 1945 e, com a morte do presidente em abril de 1945, foi sucedido por Truman, que assumiria a Casa Branca. Foi nomeado Secretário de Comércio, mas nunca manteve boas relações com Truman.
Autêntico liberal, alcunha que nos EUA ganha conotação de esquerda, Wallace foi um acerbo crítico do que percebia como um retrocesso de Truman no tratamento da legislação de bem-estar social estabelecida durante o New Deal. Também estava perturbado com a política de Washington em relação à União Soviética. Durante a Segunda Guerra Mundial, passou a admirar o povo soviético por sua tenacidade e sacrifício. A exemplo de Roosevelt, acreditava que os EUA poderiam trabalhar ao lado do líder soviético Joseph Stalin no mundo pós-guerra.
Truman adotou uma postura muito mais dura em relação aos soviéticos. Em março de 1948, Wallace compareceu como testemunha diante do Comitê Senatorial de Serviços Militares para criticar o apelo do presidente por um treinamento militar universal, um programa que proporcionaria treinamento de guerra para toda a população masculina em idade de conscrição.
Rejeitou as declarações alarmistas de Truman com relação à suposta ameaça comunista e acusou-as de fazer parte de uma “crise deliberadamente criada”. Wallace denunciou que programa de treinamento militar universal levaria “morte e impostos para muitos e generosos lucros para poucos”. Pediu ao Senado e ao governo que lutassem por uma “política exterior pacífica”. “Se tivermos de competir com o comunismo, o faremos melhor ao lado do povo”, declarou.
Os argumentos de Wallace repercutiram muito pouco nos EUA do final da década de 1940. Na eleição presidencial de novembro de 1948, concorrendo como candidato pelo Partido Progressista, conquistou menos de 3% dos votos. Dois anos mais tarde, deixou a sigla após ser condenado por correligionários devido a declarações em defesa da intervenção dos EUA e das Nações Unidas na Guerra da Coreia.
Em 1952, escreveu um artigo “Por quê eu estava errado”, no qual afirmou que sua postura inicial em defesa das políticas soviéticas estava equivocada. Ainda assim, suas críticas à política externa da Casa Branca durante as primeiras fases da Guerra Fria ganharam destaque, tornaram-se o centro do debate e mantiveram-se vivas mesmo diante da opressiva atmosfera instaurada pela “ameaça vermelha”.
De fato, muitos de seus argumentos, particularmente aqueles que diziam que a maciça despesa militar estava paralisando os programas de bem-estar social, foram retomados com renovado vigor durante a Guerra do Vietnã nos anos 1960.
Também nesse dia:
1842 – Éter é usado pela primeira vez em anestesia
1856 – Fim da Guerra da Crimeia: Inglaterra, França, Turquia e Rússia assinam um tratado de paz
1981 – Ronald Reagan sobrevive a atentado
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