O FMI (Fundo Monetário Internacional) apontou nesta sexta-feira (13/04) que os países latino-americanos têm se destacado na comunidade internacional por sua estabilidade econômica em meio a um “ambiente revolto”. Em entrevista à Agência Efe, o diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do Fundo, Nicolás Eyzaguirre, elogiou o cenário econômico dos países da região, mas disse que medidas protecionistas poderão trazer prejuízo à América Latina nos próximos anos.
“O protecionismo é pão para hoje e fome para amanhã, é um inimigo com o qual é preciso ter muito cuidado no caso de países cujo destino é abastecer os mercados mundiais”, afirmou o diretor, que não citou quais países da região estão adotando tais medidas para proteger sua economia. Ele tampouco mencionou as práticas protecionistas históricas de Estados Unidos e Europa, que há décadas impõem barreiras comerciais para proteger seus produtos e medidas ligadas ao câmbio.
O economista chileno destacou que o FMI espera um crescimento entre 3,5% e 4% na região nos próximos dois anos. Para ele, este seria o limite para as economias latino-americanas não “super aquecerem”.
“Em um contexto internacional, que é claramente preocupante, a América Latina se destaca pela estabilidade e se encontra quase em uma situação ideal”, complementou o economista, que falou ainda sobre o possível problema que a região poderia enfrentar caso fosse atingida por “pressões inflacionárias”.
“As economias da região estão operando quase todas a plena capacidade e, portanto, são mais suscetíveis às pressões inflacionárias, mas por enquanto as vemos como um risco calculado”, disse.
Para Eyzaguirre, nem mesmo uma possível desaceleração da economia chinesa poderia afetar, de fato, a região. Nos últimos anos, a América Latina transformou-se no maior fornecedor de matérias-primas para os chineses.
“A América Latina depende muito mais da Ásia do que das economias avançadas, e a Ásia seguiu crescendo de maneira sobressalente. Nem os mercados nem nós vemos uma queda acentuada dos preços das matérias-primas”, concluiu.
Brasil e Argentina
Nos últimos meses, Brasil e Argentina foram criticados pelos Estados Unidos e alguns países europeus por medidas consideradas protecionistas. Em visita aos EUA na última segunda-feira (09), a presidente Dilma Rousseff devolveu a crítica e disse que “o governo repudia toda e qualquer forma de protecionismo, inclusive o cambial.”
Dilma afirmou em Washington que os países não devem recorrer apenas a políticas de expansão fiscal e regressão de direitos sociais dos trabalhadores para atenuar os efeitos da crise econômica.
Nem mesmo os países que fazem parte do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai) se entendem quanto ao assunto. Em fevereiro, no Parlasul (Parlamento do Mercosul), a delegação do Paraguai denunciou o protecionismo argentino.
Alfredo González, presidente da delegação, afirmou que os argentinos estão abusando das regulamentações alfandegárias e impondo “de maneira imprudente e ofensiva”, contínuas barreiras “que destroçam os compromissos bilaterais”. As normas argentinas também são alvo de críticas do Brasil e Uruguai.
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