Uma bomba explodiu nesta quarta-feira (19/04) no Bahrein próximo ao carro que transportava quatro mecânicos da Force Índia, equipe de F-1 que está no país para o GP (Grande Prêmio) do próximo domingo (22). Ninguém ficou ferido, mas um dos profissionais envolvido no ataque foi autorizado pela equipe a deixar o Bahrein.
O funcionário alegou que não se sentia seguro no país e pediu a liberação para a equipe. Este é o primeiro incidente diretamente relacionado ao GP de domingo registrado no Bahrein.
Efe
Manifestantes pintaram muros com mensagens contra a realização do GP
Grupos barenitas condenam a realização da prova e prometem que irão transformar o GP em um “Grande Prêmio de sangue”. Depois da explosão, autoridades do país afirmaram que as equipes da F-1 não precisam temer por sua segurança.
No entanto, o ex-comissário da polícia de Londres, John Yates, contratado para treinar os agentes do Bahrein, afirmou que não pode garantir a segurança dos visitantes. “Seria um tolo se dissesse isso”, afirmou, em entrevista ao jornal britânico Guardian.
Os protestos contra a monarquia barenita começaram em fevereiro de 2011, impulsionadas pelas revoltas que tomaram conta dos países árabes no Oriente Médio e no Chifre da África.
Efe
Imagem pintada pelos manifestantes nos muros do país faz referência ao rei Hamad bin Issa al Khalifa
Os manifestantes exigem a queda do rei Hamad bin Issa al Khalifa, no poder desde 1999, e o fim da monarquia. Depois de meses de intensos confrontos, milhares de pessoas foram detidas e mortas, segundo uma comissão criada por iniciativa do próprio rei.
Reações
Nesta terça-feira (17), o governo do Bahrein expressou descontentamento com as charges publicadas pelo cartunista brasileiro Carlos Latuff. Em algumas de suas obras, o desenhista critica a monarquia barenita, assim como o GP do próximo domingo.
O trabalho de Latuff, publicado no Opera Mundi, tem sido usado em cartazes durante as manifestações e provocaram uma reação do governo do país. “Embora sejamos defensores da liberdade de expressão, seus desenhos ultrapassam o limites dessa liberdade com acusações infundadas e uma representação desequilibrada dos eventos ocorridos no Bahrein. Muitos de seus cartuns possuem erros jornalísticos e factuais graves. Pedimos que você reflita sua arte através da integridade jornalística”, apontou o IAA (sigla em inglês para Autoridade para Assuntos de Informação), órgão oficial de informação do governo.
Carlos Latuff
Charge do desenhista publicada no Opera Mundi a respeito do Grande Prêmio no país
Em seu site, Latuff respondeu às acusações com ironia: “É curioso que uma instituição governamental como a do Bahrein use termos como ‘integridade’ e ‘liberdade de expressão’, valores que definitivamente não se aplicam ao regime de Hamad”, afirmou o desenhista.
Em entrevista a Opera Mundi, o brasileiro afirmou que o governo está usando a corrida como uma cartada política com o objetivo de mostrar ao mundo que a situação no país está sob controle.
“Mas será um tiro no pé. Porque é por causa dessa corrida que o mundo voltar a falar do que acontece no Bahrein. Só se falava na Síria, porque o Ocidente tem interesse em derrubar Bashar al Assad. Mas não tem como esconder o que ocorre por lá. Mas o conflito não está resolvido”, concluiu.
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