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O presidente da França Nicolas Sarkozy, que disputa neste domingo (22/04) o primeiro turno da eleição nacional , bem que tentou reverter o mau desempenho nas pesquisas de opinião, que o colocaram na maior parte do tempo em segundo lugar, atrás do socialista François Hollande. Mas nunca conseguiu um bom desempenho que destertasse, entre seus militantes, a confiança de que ele erá reeleito. Esta pode ser a primeira vez, na história da Quinta República (que adota o sistema presidencialista) que um chefe de Estado não fica na frente na primeira fase de disputa.
Os analistas políticos franceses destacam que Sarkozy sempre apostou na imagem de um empreendedor e, ao mesmo tempo “protetor” dos franceses. Porém, é estigmatizado como elitista tem dificuldade em se mostrar um homem mais próximo da população, sendo chamado popularmente de “presidente blig-bling”. Ao lado de sua esposa, a popular atriz e cantora Carla Bruni, ele investiu também na figura de um homem simples, honesto o trabalhador. Bruni dá entrevistas à TV contando histórias sobre a vida cotidiana do casal, afirmando que ele mesmo faz ocfé-da-manhã, entre outras amenidades. Sem sucesso aparente.
Para além da crise econômica, do desemprego e da desigualdade social, sua performance nas pesquisas pode ser explicada também por algumas gafes que ele comete durante a campanha.
Valor sentimental
Na última segunda-feira (15/04), ao fim de seu último grande comício, realizado na Praça da Concórdia, em Paris, ele cumprimentava uma multidão de jovens militantes de seu partido. Ao se aproximar de um grupo mais efusivo, ele tira seu relógio do pulso e o guarda no bolso, rápida e discretamente.
Especula-se que Sarkozy tenha levado em conta o valor simbólico do objeto, um rolex Patek Phillippe calculado em 55 mil euros… afinal, foi um presente de sua esposa.
No mesmo local e na mesma hora, os 50 principais financiadores de sua campanha, conhecidos como o “primeiro círculo” de seu partido, a UMP [União por um Movimento … Popular (!)] acompanhavam seu discurso pelas janelas do luxuoso Hotel Crillon, um dos mais caros do país – a diária mais em conta é de 550 euros, mas pode chegar a 9.500 euros. Depois do comício, se reuniram para um jantar. A informação foi revelada na quarta-feira pelo jornal satírico Le Canard Enchaîné. Sarkozy nega ter participado do encontro.
Seu rival, François Hollande, não perdeu tempo: “Esse comício pode resumir esses últimos cinco anos de seu governo. Começou em um caro restaurante, terminou em um hotel cinco estrelas”, ironizou. O socialista fazia referência ao famoso jantar de Sarozy em comemoração à sua vitória, em 2007, no também caríssimo restaurante Fouquet, que na época, havia despertado uma série de críticas. Na ocasião, Sarkozy disse ter se arrependido da escolha.
Questão nuclear
Não foi apenas a imagem de elitista que o atrapalhou durante a campanha. Ele também teve de, publicamente, assumir que mentiu – sem admitir o erro.
Na semana passada, ele teve de admitir que mentiu sobre sua visita à região japonesa de Fukushima ao lado de sua então ministra de Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet. Ele usava a história da viagem em diversos comícios para defender a produção de energia nuclear na França. Nessas ocasiões, disse que havia visitado o local e que a tragédia só ocorreu devido a um tsunami, que afetou a instalação. Por essa razão, seria desnecessário se preocupar com as usinas no interior do país.
Em entrevista à TF1, ele admitiu que nunca esteve no local durante sua visita ao Japão no ano passado. “Não sou um engenheiro, não preciso meter o nariz nessa história de Fukushima”, falou. Apenas sua ministra compareceu ao local do acidente.
“Ele nunca esteve lá. É a primeira vez na história da República que um candidato descreve uma viagem que nunca fez. Ele gosta de ser pioneiro em tudo mesmo”, ironizou Hollande.
Agência Efe
O presidente Nicolas Sarkozy vota acompanhado de sua mulher, Carla Bruni
Anne Lauvergeon, ex-executiva da empresa francesa nuclear Aréva, que ficou conhecida como “Anne Atômica” revelou em um livro recém-publicado a intenção de Sakozy de vender um reator nuclear em meados de 2010 ao então líder líbio Muamar Kadafi. O mesmo que, meses depois, Sarkozy ajudou a aderrubar com a ajuda da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a oposição local. O presidente negou a acusação.
Por essas e outras polêmicas, Sarkozy prometeu aos eleitores um estilo diferente de governar caso seja reeleito. Nas pesquisas do segundo turno, ele aparece de oito a doze pontos atrás de Hollande.
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