O terrorista que matou 77 pessoas na Noruega para protestar contra a imigração muçulmana para a Europa disse nesta segunda-feira (23/04) acreditar que poderia dizer a ideologia de suas potenciais vítimas ao olhar para elas e que tentou poupar um que parecia “de direita”. O julgamento do ultradireitista Anders Behring Breivik acontece desde a semana passada em um tribunal de Oslo.
Breivik afirmou que tinha poupado a vida de Adrian Pracon, secretário da Juventude Trabalhista na região de Telemarca, porque o jovem parecia “ser de direita” e que lhe lembrava a ele mesmo. Pracon é um dos sobreviventes do massacre e, após recuperar-se de seus ferimentos, escreveu um livro sobre suas lembranças, o que recebeu grande atenção midiática na Noruega.
“Certas pessoas parecem mais esquerdistas do que outras”, disse Breivik no sexto dia de julgamento que tem paralisado a Noruega, explicando como ele escolheu “marxistas” com seu fuzil e pistola e passou por um jovem que pensou ser conservador. “Esta pessoa … parecia de direita, era a sua aparência. Essa é a razão pela qual eu não disparei nenhum tiro contra ele”, disse Breivik, cuja sanidade, ou a falta dela, é uma questão primordial a ser determinada no julgamento.
NULL
NULL
Breivik revelou também que pensou em colocar de antemão um pequeno avião em Utoeya para fugir depois do massacre, mas no final descartou a ideia.
Desculpas
Breivik se desculpou aos parentes de uma das vítimas e os feridos sem filiação política nos atentados. Ele se referiu concretamente a um transeunte que morreu no atentado com um carro-bomba no complexo governamental de Oslo, no qual faleceram oito pessoas, e outras que ficaram feridas e não tinham “relação” com os partidos ou com os diferentes ministérios, já que não são “alvos legítimos”.
“Quero enviar-lhes uma grande desculpa e lamentar o ocorrido. O objetivo não era atacar civis inocentes como eram estes”, disse.
Depois, o promotor Svein Holden lhe perguntou se queria apresentar uma desculpa similar aos demais familiares das vítimas dos atentados, mas Breivik respondeu com um breve “não” e reiterou que pelo menos 44 dos 69 mortos no massacre da ilha de Utoeya tinham “postos de responsabilidade” na Juventude Trabalhista.
O extremista norueguês sabia que entre as cerca de 600 pessoas que estavam no acampamento em Utoeya – um “campo de doutrinamento”, segundo ele – havia voluntários de uma ONG que considera “parte do lobby pelo asilo político que trabalha para que a Noruega acolha o maior número possível de refugiados”.
Breivik insistiu que tem consciência do “sofrimento” que causou aos familiares, mas que era “uma pequena barbárie para impedir outra barbárie maior”, a destruição da cultura e do povo norueguês nas mãos dos defensores do “multiculturalismo”.