O magnata da imprensa Rupert Murdoch se esforçou nesta quarta-feira (25/04) para dissipar os mitos em torno de sua poderosa influência política ao dizer que nunca pediu nada a um primeiro-ministro do Reino Unido, apesar de ter enfrentado todos eles.
Murdoch compareceu nesta quarta-feira pela primeira vez perante a chamada comissão Leveson, que analisa os padrões éticos da imprensa britânica após o caso das escutas ilegais praticadas pelo extinto jornal dominical de sua propriedade The News of the World.
A declaração do presidente do grupo midiático News Corporation era uma das mais esperadas nesta investigação, apresentada no ano passado pelo governo e que evidenciou os estreitos vínculos entre os grandes negócios, os meios de comunicação e o poder político.
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De maneira pausada e sem pressa para contestar as perguntas que o advogado Robert Jay formulava, o octogenário magnata de origem australiana reconheceu que foram cometidos abusos, em referência às escutas telefônicas, apesar de ter defendido o direito de seus jornais a investigar pessoas que estão em cargos públicos.
Murdoch se esforçou principalmente para deixar claro que nunca pediu nada aos políticos do Reino Unido. “Eu nunca pedi nada a um primeiro-ministro”, declarou, para depois complementar: “Sejamos claros, os políticos sempre buscam o apoio de todos os jornais. Eu acho que é parte da democracia, é algo natural”.
O empresário foi particularmente duro ao relatar sua difícil relação com o ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, a quem seus jornais decidiram deixar de apoiar em setembro de 2009 para respaldar o então líder conservador David Cameron.
Sobre o também primeiro-ministro trabalhista Tony Blair, Murdoch reconheceu que admirava e se reuniu com ele diversas vezes, antes, durante e após abandonar o poder em 2007.
Rupert Murdoch, que deve continuar seu depoimento nesta quinta-feira (26), compareceu perante a comissão um dia após seu filho, James, ex-presidente da News International, o galho britânico do grupo midiático News Corporation.
Desde o final do ano passado, famosos como a escritora britânica J.K. Rowling e o ator Hugh Grant compareceram perante a comissão Leveson – que trabalha no edifício do Tribunal Superior de Londres – para declarar como foram perseguidos pelos jornalistas após a interceptação ilegal de seus telefones.