O site francês de notícias Mediapart publicou neste sábado (28/04) um documento assinado por uma antiga autoridade líbia que indica que o governo de Muamar Kadafi havia aceitado, em 2006, financiar em cerca de “50 milhões de euros” a campanha presidencial de Nicolas Sarkozy em 2007.
Kadafi foi assassinado em outubro de 2011 durante a tomada de sua cidade natal, Sirte, no norte da Líbia, meses após uma coalizão liderada pela França, com participação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ter dado apoio militar e financeiro a oposicionistas líbios.
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No documento, redigido em árabe, Mussa Kussa, ex-chefe de inteligência externa da Líbia, fala de um “acordo de princípio” para “apoiar a campanha eleitoral do candidato às eleições presidenciais, Nicolas Sarkozy, pela quantia de cinquenta milhões de euros”. O presidente francês e candidato à reeleição chamou neste domingo (29/04) de “infâmia” as acusações e disse que foram elaboradas “pela oficina de amigos ricos de François Hollande”, seu adversário nas eleições.
“Quando penso que existem jornalistas que se atrevem a dar crédito ao que disse o filho de Kadafi e seus serviços secretos (…) É uma vergonha que me façam essa pergunta”, disse. “A guerra na Líbia durou oito meses. Quem lutou nessa guerra? Quem liderava a coalizão para derrubar Kadafi? A França… Talvez eu tenha sido o motor para isso”, continuou.
Traduzido do árabe pela Mediapart, o documento mostra que Kussa confirma um “acordo de princípio” relativo a “instruções transmitidas pelo gabinete de representação do comitê popular general relativas à aprovação do apoio à campanha eleitoral do candidato às eleições presidenciais, Nicolas Sarkozy, com uma quantia de cinquenta milhões de euros”. Kussa foi ministro das Relações Exteriores de Kadafi, antes de desertar e ir para a Europa.
Kussa acrescenta que esse acordo ocorreu depois do “da reunião realizada em 6/10/2006, da qual participaram, do nosso lado, o diretor dos serviços de informação líbios (Abdullah Senussi) e o presidente do Fundo Líbio de Investimentos Africanos (Bashir Saleh), e, do lado francês, o senhor Brice Hortefeux e o senhor Ziad Takieddine”.
Amigo próximo de Sarkozy, Hortefeux foi ministro de 2007 a 2011, tendo ocupado principalmente a pasta do Interior. O advogado do empresário franco-libanês Ziad Takieddine, citado pela Mediapart, afirmou que seu cliente “não estava presente na reunião indicada no documento”, mas que “acredita que esse documento seja confiável, tendo em vista a data e as pessoas citadas”.
* Com informações da Agência France Presse, RFI e Efe