No dia 5 de maio de 1789, o rei Luis XVI instala os Estados Gerais em Versalhes. Essa é a última medida que lhe resta para tentar salvar a monarquia de sua falência. A dívida era de tal proporção que os banqueiros e investidores não queriam mais firmar contratos de empréstimo.
Os impostos aportavam 190 milhões de libras ao tesouro. Pesavam de maneira esmagadora sobre as categorias mais modestas. Restava aos camponeses serem dilapidados de múltiplas maneiras pelos agentes do rei. Mais danosos ainda seriam os impostos indiretos. O mais impopular tornou-se a gabelle, imposto sobre o sal, cujo monopólio de venda pertencia ao Estado. A coleta chegava a 120 milhões, sobrando ao Estado apenas 40 milhões.
O caixa do Tesouro estava literalmente vazio. Uma parte do orçamento era absorvida pelas pensões dos cortesãos – não menos que 15 mil – que viviam com fartura na corte de Versalhes, em torno do rei e dos príncipes de sangue. O rei era mantido por essa gente na ignorância sobre a situação do reino.
A crise do Estado era paradoxal, dado que a França era então o país mais rico e poderoso da Europa. Charles de Calonne, nomeado controlador geral do Tesouro em 1783, propõe reformas que retomavam, em boa parte, as oferecidas por Turgot. Quis submeter as propostas a uma assembleia de notáveis em fevereiro de 1787.
Porém os privilégios bloquearam as tentativas de mudança. Recusaram qualquer alteração e se agarraram ainda mais aos seus benefícios fiscais. De resto, exigiram obstinadamente os impostos feudais e senhoriais devidos pelos camponeses e viam o desejo de reforma do rei como abuso de poder e manifestação de tirania. Os magistrados de Paris, mais hábeis, obtêm o apoio do povo e da burguesia esclarecida em defesa de seus privilégios.
A Assembleia dos Notáveis é dissolvida em 25 de maio de 1787. O novo controlador, Loménie de Brienne, se mostra inexperiente e sem imaginação. Tenta arrecadar novos impostos, levantando contra si a cólera do povo e dos parlamentares. Diante do impasse, Brienne não tem outra saída a não ser sugerir ao rei a suspensão dos pagamentos do Estado. Luis XVI resolve convocar os Estados Gerais em 8 de agosto de 1788.
Em 25 de agosto de 1788, enquanto aguardava a abertura dos Estados Gerais, resolve apelar ao banqueiro suiço Jacques Necker para que assuma o controle geral das Finanças a fim de aplacar o pânico que já se instalava. Os Estados Gerais podiam autorizar o rei a criar impostos excepcionais. Não se haviam reunido desde 1614.
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Em 5 de maio de 1789, Luis XVI instalou os Estados Gerais em Versalhes
A assembleia de 1614 era constituída de representantes das três classes que compunham a população do reino: a nobreza, o clero e o terceiro estado, que representava a grande maioria da população que não possuía qualquer privilégio. Embora as classes tivessem número igual de representantes, votavam separadamente o que garantia maioria automática às duas primeiras.
Em 21 de setembro de 1788, o Parlamento de Paris, que defendia a convocação dos Estados Gerais, se pronuncia pela manutenção do sistema observado em 1614. É que a maioria dos parlamentares figuravam entre os privilegiados. Tentam bloquear o processo de mudança. Os burgueses e alguns nobres liberais como La Fayette, aliam-se contra o Parlamento e a alta nobreza.
Finalmente, em 27 de dezembro, a pedido de Necker, Luis XVI concorda em dobrar o número de representantes do Terceiro Estado mas nada diz sobre o modo de escrutínio. A tensão é forte. As eleições se desenrolam num clima passional. Sobre 1165 députés, o terceiro estado conta com 578, a metade de advogados. Entre eles estava Robespierre. Os outros, em sua maioria, são burgueses negociantes. Entre os 291 representantes do clero, os humildes são representados somente por quarenta bispos, os outros são padres de paróquia.
Todos se mostram respeitosos da monarquia, mas desejam uma limitação dos poderes do rei. Aspiram à liberdade individual, bem como à supressão dos impostos senhoriais e do dime, imposto da Igreja que onerava o terceiro estado.
Em 5 de maio, por fim, abre-se solenemente os Estados Gerais no salão Menus Plaisirs, do Palácio de Versalhes. O longo discurso inconsistente de Luis XVI e aquele, recheado de cifras, de Necker, decepcionam os deputados. O terceiro estado propõe que o exame das propostas ocorra conjuntamente pelos três setores. Evidentemente, as ordens privilegiadas recusam. Após um mês de tergiversações, o terceiro estado decide, em 12 de junho, proceder sozinho ao exame. A ele se junta uma série de padres representantes do clero. Era um novo e importante passo em direção à derrocada do antigo regime.
Também neste dia:
1862 – Mexicanos derrotam franceses na Batalha de Puebla
1821 – Morre o ex-imperador da França Napoleão Bonaparte
1941 – Imperador Hailé Selassié retorna à Etiópia
1958 – Mao Zedong anuncia um ambicioso programa de reforma: O Grande Salto