No dia 9 de maio de 1950, Robert Schuman, ministro francês dos Negócios Estrangeiros, lança o projeto da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e dá início a reaproximação entre França e Alemanha.
O plano havia sido proposto por Jean Monnet. Autodidata, negociante de terrenos, político atilado, ele havia aprendido a confiar em projetos utópicos como aqueles esboçados na década de 1920 pelos ministros Briand, da França, e Stresemann, da Alemanha.
Após a Libertação de 1945, Monnet decidiu então fundar uma união europeia alicerçada em realizações sólidas, e não mais sobre princípios abstratos. Sua decisão de criar uma primeira instituição comum aos europeus acabou ocorrendo na forma de um organismo encarregado de supervisionar e distribuir a produção de carvão e aço. A escolha foi judiciosa, pois, naquela época, o carvão e o aço eram os dois pilares da economia.
Os antigos inimigos da Alemanha não hesitaram em desmantelá-la, substituindo-a por uma siderurgia estabelecida em solo francês. Ela permaneceria sob tutela comum para neutralizar as suspeitas dos outros países europeus.
A França, por sua vez, tinha reivindicações sobre o Sarre, uma região vizinha da Lorena e dotada de um pátio siderúrgico dinâmico. Somente com a criação da CECA é que o país renunciaria às suas reivindicações sobre a produção industrial sarrense.
Monnet e sua equipe montaram o plano sob sigilo. Desconfiavam e temiam, com justa razão, que os comunistas e os gaullistas lhes obstruíssem.
No entanto, se beneficiaram do apoio enfático de alguns estadistas como Robert Schuman, Alcide de Gasperi e Konrad Adenauer. “Senhores, não é mais questão de palavras vãs, mas de um ato, um ato decidido, um ato construtivo. A França cumpre o primeiro ato decisivo da construção europeia e se associa à Alemanha”, declarou Schuman diante de diversos jornalistas reunidos em Paris.
A opinião pública europeia torna-se rapidamente uma grande defensora do Plano Schuman. Contudo, erguem-se oposição e divisão entre os partidos políticos. Na França, os democrata-cristãos do MRP e os socialistas da SFIO, que detêm a hegemonia do governo, se unem com entusiasmo em defesa do projeto. Mas os comunistas e gaullistas o denunciam com virulência. O general de Gaulle, de seu retiro de Colombey-les-deux-Églises, chama o plano de “saco de gatos do aço e do carvão”. Os comunistas escrevem em seu jornal L'Humanité nada menos que “uma nova traição, um novo passo em direção à guerra”.
O Reino Unido se opõe ao Plano Schuman porque temia se isolar dos negócios do Continente. Por sua vez, o presidente norte-americano Harry Truman o aprovou calorosamente. Em plena Guerra Fria, via-o como um útil reforço contra a ameaça soviética.
Quando a CECA tem início
A CECA começa suas atividades em 1951, com Alemanha, França, Itália e Benelux (Bélgica, Luxemburgo e Holanda), mas sem o Reino Unido. Em 10 de agosto de 1952, Monnet assume naturalmente a presidência da cúpula da nova instituição, em Luxemburgo.
Mas eis que eclode a Guerra da Coreia, que reaviva a Guerra Fria entre a União Soviética e os EUA. Reacende-se o temor dos ocidentais de uma invasão da Europa pelos soviéticos.
Os seis países fundadores da CECA buscam então uma Comunidade Europeia de Defesa, dividida em 40 seções de mesmo uniforme. Uma maneira de enviar armas à Alemanha sem o temor de que ela ameaçasse novamente seus vizinhos.
Em 27 de maio de 1952, é assinado o tratado de defesa comum. Na França, se fortalece uma oposição resoluta de comunistas e gaullistas. Mas, logo em seguida, Stalin morre e a Guerra da Coreia tem fim. Em 30 de agosto de 1954, a Assembleia Nacional francesa rejeita até mesmo o debate sobre o projeto de tratado, mesmo sob os protestos dos democrata-cristãos e dos socialistas.
Após este fracasso, os partidários da CECA vão à revanche e assinam, em Roma, no dia 25 de março de 1957, o tratado que deu nascimento a atual União Europeia.
Também nesse dia:
1950 – Surge o projeto da CECA, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
1978 – Encontrado em Roma o corpo de Aldo Moro
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Monnet e Adenauer se cumprimentam