Seria o começo da Primavera Mexicana? Eles se chamam “Yo Soy 132” (Eu sou 132) e tomaram mais uma vez as ruas da Cidade do México exigindo um processo eleitoral democrático e responsabilidade dos meios de comunicação, acusados de favorecerem candidatos às eleições presidenciais. Em 1 de julho o México escolhe um substituto para o presidente Felipe Calderón.
Em sua maioria jovens, os “indignados” mexicanos se reuniram nesta quarta-feira (23/05) em torno da rede de televisão Televisa, rede de maior audiência do país e que estaria favorecendo em sua programação o candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), Enrique Peña Nieto. Uma entrevista ao vivo estava marcada com o ex-governador do Estado do México.
Carregando cartazes e gritando consignas contra a Televisa e Peña Nieto, os manifestantes chamaram a atenção dos meios de comunicação, que reportaram em tempo real a marcha. Dados do governo revelam que ao menos 15 mil pessoas se reuniram no centro da capital, mas os participantes falam em mais de 30 mil.
O estopim para a cadeia de protestos começou em 11 de maio, quando Peña Nieto foi vaiado durante um comício na Universidade Iberoamericana, fundada por jesuítas e localizada em uma das áreas mais importantes da Cidade do México . Em meio a gritos de “fora, fora” e “assassino”, Peña Nieto acabou deixando a palestra. O PRI acusou a universidade de ter sido manipulada por um grupo de provocadores e inimigos políticos infiltrados. A Televisa deu apenas a versão dos fatos favorável ao antigo partido hegemônico.
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Os protestos continuaram. Os estudantes foram às redes sociais e gravaram um vídeo em que 131 deles mostravam sua carteira de estudante, desmentindo as acusações do PRI. O vídeo motivou então a criação da página web “Yo soy 132”, que convidava mais jovens universitários a participar do movimento. Logo, o site virou o assunto mais popular no Twitter, revolucionando a campanha eleitoral e surpreendendo toda a classe política.
Nove dias depois do incidente com Peña Nieto, estudantes das maiores universidades privadas do país se uniram aos da Universidade Iberoamericana na Marcha Anti-EPN (iniciais do candidato Enrique Peña Nieto), no último sábado, que levou milhares de mexicanos – perto de 46 mil, segundo os organizadores – às ruas de Cidade do México.
Efeitos
José Woldenberg, ex-presidente do Instituto Federal Eleitoral deu boas-vindas ao movimento e disse espera que as manifestações sejam traduzidas nas urnas: “Em uma campanha chata e sem novidades, finalmente acontece algo que estava totalmente fora do script. Mesmo que não seja uma manifestação de todos os jovens do país, mas restrito à classe média”, disse, de acordo com a Agência O Globo.
“É algo novo. A classe média só havia se manifestado até agora em causas universais, como a paz e a segurança”, comentou à agência o sociólogo e jornalista Jorge Zepeda, que se mostra surpreso com os erros cometidos pelo PRI na contenção de danos.
“As redes sociais são um terreno muito novo e eles não souberam evitar a catástrofe a tempo. A esquerda está muito melhor posicionada nas redes, graças, em parte, à desconfiança de Andrés Manuel López Obrador (do AMLO, partido de esquerda) pelos meios convencionais”.
Pesquisa
De acordo com pesquisa de intenção de voto do instituto Mitofsky, divulgada nesta terça-feira, López Obrador subiu para o segundo lugar na disputa para a presidência do país. De acordo com o estudo, o líder é o ex-prefeito da Cidade do México, Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), com 37,9%, seguido por Obrador, com 20,5%.
O terceiro lugar agora é da candidata do governista Partido Ação Nacional (PAN), Josefina Vásquez Mota, com 20,1%, que perde mais pontos após o debate presidencial, no início de maio. O quarto colocado é Gabriel Quadri, do Partido Nova Aliança (Panal), com 1,8% das intenções de voto.
Além do presidente, cerca de 79 milhões de mexicanos escolherão 628 legisladores, governadores e deputados de diversos dos 32 Estados mexicanos.