No dia 26 de maio de 1755, o contrabandista Louis Mandrin é morto na cidade de Valence, na França. Torturado, teve suas pernas esmagadas e todos os membros quebrados com barras de ferro para que confessasse o nome de seus cúmplices. Terminou a vida atado a uma roda de carroça.
O contrabandista suportou o suplício sem dizer uma palavra sequer. Após oito minutos, o carrasco o estrangula por ordem do bispo, o que põe fim aos seus sofrimentos. Milhares de pessoas assistiam à cena. Rapidamente se espalha a lenda do bandido magnânimo punido por ter sonegado impostos.
A breve epopeia de Mandrin constitui-se no símbolo das injustiças fiscais que ocorriam às vésperas da eclosão da Revolução Francesa. Nascido em Saint-Étienne de Saint-Geoirs, Louis Mandrin era o mais velho de nove irmãos. Tinha 17 anos quando seu pai, um próspero ferrador, morreu.
Incapaz de levar adiante a empresa familiar, assina em 1748 um contrato com os coletores de impostos da Fazenda Geral e se compromete a ajudar a abastecer o caixa do exército francês, que estava em guerra na Itália. Com o fim da missão, após perder a maior parte de suas mulas na travessia dos Alpes, a Fazenda se recusa a lhe pagar o devido.
Seu próprio irmão seria enforcado por falsificar moedas. Mandrin participa de uma rixa sangrenta em 30 de março de 1753 e teve de fugir para escapar das torturas. Tornando-se um fora-da-lei, assume o comando de um bando de contrabandistas e declara guerra à Fazenda.
Mandrin organiza seus homens como um exército, com soldos, hierarquia e disciplina. Em 1754, no espaço de um ano, promove um total de seis campanhas. No começo de cada uma, costumava comprar tabaco e algumas outras mercadorias na Suíça e no ducado independente de Savoia.
Em seguida, penetrava no território francês com algumas dezenas de cúmplices, invadindo uma cidade ou outra e vendendo suas mercadorias em público. Os coletores reagem, fazendo vigorar, a partir da primavera de 1754, leis contra pessoas que comprassem fosse o que fosse dos contrabandistas. Mandrin tem a ideia, durante uma campanha em Rodez, de vender suas mercadorias aos empregados locais da Fazenda sob ameaça das armas. Em outras palavras, ele pilha os caixas da instituição.
Em outubro, em sua quinta campanha, em Puy, ele fracassa. Numa troca de tiros com oficiais da Fazenda é gravemente ferido no braço. Fiscais conseguem uma autorização do rei para a intervenção do exército. O Regimento de Caçadores do capitão Jean-Chrétien Fischer ataca exatamente quando Mandrin lança sua sexta campanha. Em Autun e Beaune, em 19 de dezembro de 1754, os contrabandistas são massacrados, mas Mandrin consegue, num esforço supremo, fugir para Savoia.
O capitão das tropas da Fazenda Geral, Alexis de la Morlière, disfarça 500 de seus homens como camponeses e os faz penetrar ilegalmente no território do ducado. Mandrin é traído por dois membros de seu bando. É preso junto com três comparsas no castelo de Rochefort e enviado à Valence. Indignado pela violação de seu território, o duque Charles-Emmanuel III de Savoia exige de seu sobrinho, o rei Luis XV, a devolução do prisioneiro. Como o rei da França se aprestava a ceder à exigência, a Fazenda acelera as “formalidades de julgamento” de seu inimigo jurado. A condenação é concluída em 24 de maio de 1755 e ela é executada brutalmente dois dias depois.
Também nesse dia:
1896 – Nicolau II da Rússia é coroado
1897 – É lançado “Drácula”, de Bram Stoker
1908 – Congresso uruguaio suprime o ensino religioso nas escolas
1940 – Operação Dínamo, codinome da Retirada de Dunquerque, é desencadeada
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