O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, afirmou que o plano do enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) à Síria, Kofi Annan, ainda é a melhor aposta para acabar com a violência e os conflitos que atingem o país há mais de um ano. A declaração do ministro foi feita nesta quinta-feira (31/05) durante o encontro Reuters Latin American Investment Summit, em Brasília. As informações do evento são da Agência Reuters.
“No momento, creio que a aposta mais racional é a do plano Kofi Annan”, disse o diplomata, após considerar a situação no país árabe como “muito preocupante”. “(A situação na Síria) está evoluindo para um conflito sectário com alto nível de violência”, afirmou.
O chanceler brasileiro, porém, disse que nas próximas horas ou dias o Conselho de Segurança da ONU pode adotar
alguma outra estratégia, dependendo do relato que Annan, ex-secretário-geral das Nações Unidas, fará aos membros do órgão. “O tempo diplomático às vezes não consegue se antecipar a situações de crise e de violência e que levam à morte e ao sofrimento”, admitiu Patriota.
Intervencionismo
O ministro, no entanto,acredita que dificilmente ocorrerá uma intervenção armada no país como nos moldes da Líbia. “Eu vejo no caso da Síria uma resistência grande dos membros permanentes do Conselho de Segurança de contemplar qualquer intervenção armada. Isso até tem sido dito pelos Estados Unidos (…) tendo em vista a alta complexidade do Estado sírio”, afirmou.
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Patriota também se mostrou contrário à medida de expulsar embaixadores sírios, procedimento adotado por alguns países (como a União Europeia, os EuA e a Austrália) nos últimos dias de expulsar missões diplomáticas sírias em represália ao recente massacre na cidade de Houla no último fim de semana, que resultou na morte de, pelo menos, 108 pessoas.
“As expulsões dos embaixadores não vão ajudar a reduzir a violência” (…) Elas respondem a impulsos unilaterais, não é objeto de nenhuma decisão consensual ou multilateral das Nações Unidas”, explicou.
Ele também defendeu a posição brasileira no conflito de não condenar unilateralmente o regime sírio, como as demais potências ocidentais, nem de apoiar as sanções econômicas ao país.
“O Brasil quando favorece o diálogo, quando favorece a diplomacia, está favorecendo que a violência não se instaure. E que se procure soluções sem violência, sem morte”, disse. “Se for o caso, em última instância, é até plausível se recorrer a atitudes desse gênero. Mas as decisões têm que ser legítimas, ou seja têm que ser tomadas pelo Conselho de Segurança. E elas também têm de ser monitoradas para que não haja desvios de curso de ação”, acrescentou.
Patriota fez referência ao ocorrido em 2011 durante a guerra civil da Líbia, quando forças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), baseadas em uma resolução da ONU, extrapolaram seu papel, passando a ajudar as forças rebeldes ao então líder do país, o coronel Muamar Kadafi.
(*) com agências internacionais