Em 10 de dezembro de 1901, em Estocolmo, na Suécia, são concedidos os primeiros prêmios Nobel nas categorias de física, química, medicina, literatura e paz. A cerimônia acontece exatamente no quinto aniversário da morte de Alfred Nobel, o cientista sueco inventor da dinamite e outros explosivos. No testamento, Nobel determinara que a maior parte de sua fortuna deveria ser depositada em um fundo de aplicação cujos juros “seriam anualmente distribuídos em forma de prêmio àqueles que durante o ano precedente tivessem proporcionado os maiores benefícios à humanidade”.
Embora Nobel jamais tivesse prestado publicamente razões da criação dos prêmios, acredita-se amplamente que isto se deva a um arrependimento moral decorrente da utilização letal crescente de suas invenções durante as guerras.
A parte do testamento do cientista que estabelece o Prêmio Nobel da Paz afirma: deve ser outorgado “à pessoa que mais trabalhou ou desempenhou o melhor trabalho pela fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução dos exércitos permanentes e pela promoção e manutenção dos congressos de paz”.
Curiosamente, o único prêmio Nobel que não é entregue em Estocolmo e sim em Oslo, na Noruega, é o da Paz, escolhido por um comitê eleito pelo parlamento norueguês. Os outros são definidos por diversas instituições: a Real Academia de Ciências da Suécia decide os vencedores dos prêmios de física, química e ciência econômica; O Real Instituto Carolino Sueco Médico-Cirúrgico determina a premiação de medicina ou fisiologia; a Academia Sueca de Letras escolhe o prêmio de literatura. Os prêmios Nobel são entregues anualmente em 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel. O valor atual do prêmio é de 1,4 milhão de dólares. O premiado, como tradição, recebe ainda uma medalha de ouro.
Nos dias de hoje, os prêmios Nobel são vistos como alguns dos mais prestigiados reconhecimentos a trabalhos científicos, às melhores obras literárias e ao melhor desempenho a favor da paz. Até hoje, centenas de personalidades nesses campos receberam o prêmio.
Marie Curie foi a primeira mulher a ganhar o prêmio de física, em 1903, pelas suas pesquisas no campo da radiação. Em 1911, ela se tornou a primeira pessoa a ganhar um segundo prêmio Nobel, agora de química, em reconhecimento pela sua descoberta e pesquisa sobre dois novos elementos químicos: o rádio e o polônio. Martin Luther King Jr., ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, foi a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio Nobel da Paz, em 1964, aos 35 anos, pelo seu trabalho para combater a discriminação racial por meios não-violentos. Albert Einstein ganhou o Nobel de física em 1921, pelo trabalho na área da física teórica, principalmente pela a descoberta sobre o efeito fotoelétrico. Curiosamente, as suas duas teorias da relatividade não mereceram a mesma distinção.
Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins, os três cientistas levaram para casa o prêmio de medicina em 1962, pela descoberta da estrutura do DNA, nove anos antes. A premiação sofreu controvérsias ao reconhecimento, pois Rosalind Franklin, colaboradora de Wilkins, morreu quatro anos antes do prêmio, e as regras do Nobel estabelecem que não podem ser feitas premiações póstumas, o que significa que não foi reconhecida oficialmente como merecedora. Alexander Fleming, dividiu o prêmio de medicina de 1945 com Ernst Chain e Howard Florey pela descoberta da penicilina e o seu efeito curativo em doenças infecciosas. Hermann Muller, ganhou o mesmo prêmio que Fleming em 1946, pela descoberta dos efeitos da radiação de raios-X sobre as mutações no corpo humano.
Na literatura, foram premiados, entre outros, John Steinbeck (“As Vinhas da Ira” e “Ratos e Homens”), George Bernard Shaw (“Pigmalião”), Eugene O’Neill (“Longa Jornada Noite a Dentro”), Gabriela Mistral e Pablo Neruda, dois grandes poetas chilenos, Ernest Hemingway (“Por quem os sinos dobram”, “O velho e o mar”, “Adeus às armas”), José Saramago, o único premiado em língua portuguesa.
Quatro laureados com o Nobel não tiveram permissão de seus governos para recebê-los. Adolf Hitler proibiu que os alemães Richard Kuhn (química, 1938), Adolf Butenandt (química, 1939) e Gerhard Domagk (medicina, 1939) fossem à cerimônia. O governo da União Soviética pressionou Boris Pasternak (“Doutor Jivago”, literatura, 1958) para que desistisse da premiação. Dois laureados com o Nobel, Jean-Paul Sartre (francês, literatura, 1964) e Le Duc Tho (vietnamita, paz) recusaram o prêmio e as honras oficiais.
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