No dia 12 de junho de 1935, Paraguai e Bolívia firmam o armistício que encerra a Guerra do Chaco, disputa armada sobre a vasta planície do Chaco, uma região inóspita mas supostamente rica em petróleo. Os confrontos durariam três anos, indo de 1932 a 1935.
A Bolívia sempre se beneficiou desde sempre de um acesso ao Oceano Pacífico, mas perdeu o privilégio após ser derrotada pelo Chile na Guerra do Pacífico (1879-1883). Para deixar seu enclave, o antigo Alto-Peru passa a cobiçar o rio Paraguai, rota que lhe permitiria atingir o estuário do rio da Prata e o Oceano Atlântico. Esse rio delimita a fronteira oriental da Bolívia e atravessa o Chaco, região partilhada entre Argentina, Paraguai e Bolívia.
Para piorar o dilema, imaginava-se no início do século 20 que o Chaco pudesse abrigar vastas reservas petrolíferas. O rumor acabou revelando-se infundado e o petróleo jamais apareceu.
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Ocorre que a Bolívia construiu fortalezas em uma zona que o Paraguai considerava como pertencente ao seu território. Sua resposta de Assunção veio na década de 1920 com a construção de seus próprios fortes. Mais além, os paraguaios também incentivaram menonitas, grupos protestantes provenientes da Ucrânia e da Rússia que não se atemorizou com a rudeza da região.
Paralelamente, se acentuava a rivalidade entre a Standard Oil Company dos Rockefeller na Bolívia e a Royal Dutch Shell, sustentada pela Holanda e pelo Reino Unido do lado paraguaio.
A guerra eclode em junho de 1932, quando uma patrulha boliviana toma um fortim paraguaio. Era inquestionável a superioridade militar da Bolívia. O país era três vezes mais populoso e seu exército se beneficiava de um bom treinamento. Sob o comando de um general alemão, os bolivianos dispunham de estoques de armas importantes, adquiridos graças a empréstimos de bancos norte-americanos.
Mas os soldados bolivianos, em sua maioria índios originários dos platôs andinos, mal suportavam o clima quente e seco das planícies do Chaco e não tinham qualquer motivação para a guerra. Para surpresa geral, o domínio do terreno e uma tática eficaz permitiram ao Paraguai ocupar progressivamente a maior parte da região ao preço de ásperos combates.
Após três anos de guerra e cerca de 100 mil mortos, um quarto dos efetivos engajados, os contendores assinam enfim um armistício bastante favorável ao Paraguai, que fica com a maior parte dos territórios disputados. A Bolívia obtém, por sua parte, um corredor até o rio Paraguai.
A derrota alimenta uma imensa frustração entre os soldados bolivianos, que sofreram a violência dos combates e se sentiram manipulados pelas potências estrangeiras. Ela é percebida como ainda mais humilhante visto que o país havia perdido, depois da independência, a metade de seu território em favor de seus vizinhos.
A fraqueza dos políticos aparece de modo flagrante. Organizações de antigos combatentes são erigidas e surgem novos partidos, de inclinação revolucionária ou populista. Trata-se de uma ruptura com a oligarquia dos barões do estanho, a principal riqueza do país.
A Bolívia, hesitando entre o comunismo bolchevique e o fascismo europeu, ingressa na fase do socialismo militar com dois oficiais assumindo sucessivamente a Presidência da República.
Em 1943, um golpe de Estado conduzido por ultranacionalistas, ex-combatentes do Chaco, derruba o presidente e impõe um regime de cunho totalitário. Washington, preocupado em não ficar indisposto com um país de subsolo rico em estanho, admite o regime.
No Paraguai, o coronel Rafael Franco, heroi da Guerra do Chaco, aproveita-se de sua popularidade para liderar uma revolução contra os políticos liberais que estavam no poder. Não teve, contudo, tempo de concluir seu programa reformista.
Um ano e meio após sua chegada ao poder, um outro militar autoritário, o general Estigarribia, o destitui do poder e toma medidas ditatoriais para o restabelecimento da ordem. O general Morinigo, que o sucede após sua morte acidental, impõe uma verdadeira ditadura militar e aproxima seu país da Alemanha nazista.
Também nesse dia:
1975 – Indira Gandhi é considerada culpada por corrupção eleitoral
1968 – ONU aprova o tratado de não-proliferação de armas nucleares
1991 – Boris Iéltsin é eleito presidente da Rússia
2009 – Sob protestos, presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad é reeleito
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