O presidente paraguaio deposto, Fernando Lugo, reapareceu na TV pública paraguaia na madrugada deste domingo (24/06) afirmando que não teve tempo suficiente para se defender durante seu julgamento político, o qual definiu como um “golpe parlamentar”. A pouco mais de 24 horas de sua destituição, Lugo disse ainda que só acatou a “resolução injusta” do Senado para “evitar o derramamento de sangue de cidadãos paraguaios”.
Surpreendendo cerca de cem manifestantes que se reuniam nas portas da televisão estatal, em Assunção, Lugo concedeu uma entrevista aos jornalistas paraguaios e estrangeiros presentes. Segundo ele, a sentença de seu julgamento e a decisão de destituí-lo “já estavam acatadas de antemão”.
“Muitas vezes, os argumentos que não são ditos e os fatos que estão na sombra são os que provocam estes fatos. Que depois de quase quatro anos, um governo consiga manter certa aceitação e popularidade, não é normal no Paraguai”, afirmou, dizendo acreditar que nenhuma das acusações que sofreu representam o motivo real de seu afastamento.
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Para Lugo, a união da classe política e dos partidos tradicionais do país contra ele se deve ao fato de que sua gestão “foi um governo de políticas sociais muito claras, transparentes”. O presidente deposto afirmou ainda que os meios de comunicação paraguaios que pediram sua renúncia foram “forçados por interesses privados”.
Lugo disse ainda ter esperanças de que a vontade popular faça com que os parlamentares revejam sua decisão. “A grande vontade política e a soberania são exercidas pelo povo”, garantiu, considerando que se manifestações forem realizadas na capital e no interior do país poderiam resultar em uma revisão “inédita” de postura por parte do parlamento. “É muito difícil, mas como dizemos, em política, tudo é possível. Eu espero muito isso”, afirmou.
Ao fim da aparição, em mensagem aos paraguaios, Lugo convocou a população a se manifestar pacificamente. “A frágil democracia paraguaia tem que se fortalecer, um dos instrumentos e ferramentas para o fortalecimento democrático é a participação. Nós sempre a pregamos e nossa constituição garante uma participação popular, participativa, protagônica, isso é o que a cidadania faz e ninguém tem que se incomodar com isso”, afirmou.