O número de usuários de drogas ilícitas deve crescer em 25% até 2050, informou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O documento anual prevê que os países em desenvolvimento serão os principais responsáveis pelo aumento do consumo de drogas nas próximas décadas.
A maior parte do aumento está prevista para ocorrer entre a população urbana dos países em desenvolvimento enquanto que o consumo deve diminuir ou se manter estável entre os países desenvolvidos. A pesquisa aponta, portanto, para a tendência de mudança na distribuição dos usuários de drogas ilícitas que estão concentrados, atualmente, nos Estados Unidos e países da Europa.
NULL
NULL
“Isso sugere que o ônus do problema do consumo das drogas vai passar dos países desenvolvidos para países em desenvolvimento ao longo desta primeira década”, afirma o relatório. Para a ONU, a principal causa para esta mudança é o aumento da população urbana nestes países que deve dobrar até 2050.
O relatório também revela que o consumo de drogas deve aumentar entre as mulheres por conta da promoção de igualdade de gênero e do desaparecimento gradual de barreiras culturais.
A maconha continuará como a droga ilícita mais utilizada mundialmente e deve haver um aumento no consumo de substâncias sintéticas, incluindo remédios legais comprados ilegalmente, aponta a ONU.
O documento aponta que aproximadamente 230 milhões de pessoas, ou uma em cada 20 pessoas no mundo, utilizaram drogas ilegais em 2010 e estima que cerca de 27 milhões sejam usuários de drogas (0,6% da população mundial).
O consumo de heroína está estável ou diminuindo entre os países europeus e nos Estados Unidos enquanto que 70% dos usuários da droga estão concentrados na África e Ásia em países próximos das regiões produtoras ou da rota do tráfico.
Os Estados Unidos também apresentaram queda no consumo de cocaína, mas as mortes por uso impróprio de analgésicos, como morfina, quadruplicaram desde 1999 no país. Isso fez com que o governo norte-americano declarasse uma epidemia do consumo de drogas legais controladas.
Esta tendência se revela também na fabricação das drogas. Enquanto que a produção da cocaína e da heroína está diminuindo, a de drogas sintéticas está aumentando. Na Colômbia, estima-se que o cultivo da planta da coca diminuiu em 18% desde 2007. Mesmo assim, cerca de 7 mil toneladas de heroína foram produzidas em 2011.
Segundo o diretor executivo da UNODC, Yury Fedotov, cerca de 200 mil pessoas morrem, anualmente, pelo uso de cocaína, heroína e outras drogas, estando relacionado diretamente com a disseminação da Aids.
Nesta semana, relatório da Comissão Global de Política sobre Drogas estabeleceu relação entre a criminalização do uso de drogas e a disseminação da Aids, afirmando ser a guerra às drogas um “fracasso”.
O documento, que conta com signatários proeminentes, como Fernando Henrique Cardoso, propõe a descriminalização do consumo das drogas e critica as políticas dos Estados Unidos, China, Rússia e Tailândia.