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No dia 3 de julho de 1840, o último arau-gigante conhecido foi executado na Escócia depois que moradores de um vilarejo pensaram que ele era um bruxo. Com quase um metro de altura, essa era uma ave parecida com um pingüim. Mais peculiar que seu tamanho é a história envolvendo os últimos sobreviventes da espécie.
O arau-gigante foi a última ave que não voava do hemisfério norte e chegou a habitar ilhas na costa norte da Europa e nordeste da América do Norte. Pertencia à ordem Ciconiiformes, e foi extinta devido à caça excessiva. Era um alcídeo não voador que habitava as ilhas do Atlântico Norte, nas costas do Canadá, Groenlândia, Islândia, Noruega, Irlanda e Grã-Bretanha.
Caçados como alimento e isca, os últimos araus-gigantes foram observados em 3 de julho de 1844 perto da costa da Islândia. Os pescadores que extinguiram o casal de aves não se limitaram a matá-las por sua valiosa carne, mas também esmagaram o último ovo.
Há evidências de que algumas populações tenham ao menos visitado a costa da Florida, nos Estados Unidos. O nome genérico, Pinguinus, tem origem no galês pen gwyn, que significa cabeça branca. Quando os pinguins foram descobertos, no início das explorações do Hemisfério Sul, os navegadores notaram a sua semelhança de aspecto geral e de modo de vida com o arau-gigante e deram-lhes o mesmo nome. Não há, no entanto, nenhuma ligação filogenética entre araus e pinguins, exceto que são ambas aves ciconiformes.
O arau-gigante era o maior do grupo dos alcídeos, com cerca de 75 cm de comprimento e um peso de 5 kg, um peso relativamente elevado para uma ave do seu tamanho e possível apenas porque era não voador. A sua plumagem era brilhante, branca e negra, com as maiores penas de voo, medindo apenas cerca de 10 cm – absolutamente insuficientes para voar. Os pés eram pretos, bem como os dedos que estavam unidos por uma membrana interdigital de cor castanha. O bico era também negro, com riscas transversais brancas. A cabeça era predominantemente preta, com manchas de plumas brancas entre o bico e olhos.
Não voava, mas era um excelente nadador subaquático, impulsionado pelas asas convertidas em barbatanas. A sua fonte de alimentação eram peixes de tamanho médio, até cerca de metade do seu comprimento total. Os seus principais predadores eram cetáceos e aves de rapina.
Em terra, o arau-gigante não conhecia predadores e, como tal, movimentava-se lentamente e não tinha receios inatos. A época de reprodução tinha lugar no verão e os juvenis chocavam por volta de junho. Cada casal de araus-gigantes incubava apenas um ovo, amarelado e ponteado de negro, por ano.
O desaparecimento do arau-gigante deve-se apenas à intervenção do homem. Há evidências arqueológicas da caça da espécie na costa do Labrador datadas do século 5 a.C. e registros históricos desde pelo menos o século XVIII. O arau-gigante era procurado por sua carne, seus ovos e plumas. Este tipo de caça, contudo, não afetou a sua população em termos globais. Com o advento da exploração marítima do Atlântico Norte, o homem passou a caçar os araus-gigantes em toda a extensão do seu habitat e nas suas colônias de nidificação. Em terra, era particularmente vulnerável, dada a sua incapacidade de voar e falta de medo de humanos.
A exploração excessiva do arau-gigante colocou a espécie em perigo de extinção entre os séculos XVIII e XIX. Porém, a mentalidade da época tinha uma perspectiva diferente sobre como abordar uma espécie ameaçada. No auge do entusiasmo com o naturalismo, os ovos e exemplares de arau-gigante tornaram-se um item muito apreciado por colecionadores, o que aumentou ainda mais a pressão sobre as suas populações. O último casal foi caçado em 3 de julho de 1844, numa ilha ao largo da Islândia. Restam cerca de 80 ovos e outros tantos exemplares em museus e coleções particulares.
Também nesse dia:
1775 – George Washington assume o comando do Exército Continental
1957 – Nikita Khruschov assume o controle na União Soviética
1962 – a Argélia se torna independente após 132 anos de domínio francês
1996 – Boris Yeltsin é reeleito presidente da Confederação Russa
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