Agência Efe
Presidente francês abre conferência dos Amigos do Povo Sírio em Paris
“Bashar al Assad deve ir embora”, disse o presidente francês, François Hollande, na abertura da terceira conferência dos Amigos do Povo Sírio em Paris nesta sexta-feira (06/07). “Sua saída é do interesse da Síria, de seus vizinhos e de todos que desejam a paz na região”, completou.
O líder francês defendeu sanções mais duras contra o governo sírio e mais apoio aos grupos da oposição em seu discurso para representantes de 107 nações, incluindo potências ocidentais e países árabes.
As propostas receberam o apoio da secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, que pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que aprove uma resolução para impor consequências imediatas ao regime de Assad. Hillary também desferiu ameaças diplomáticas a Rússia e a China, principais potências aliadas do governo sírio, que não compareceram a reunião.
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“Eu acredito que a Rússia e a China não estão pagando o preço por apoiar o regime de Assad”, disse ela. “A única forma que isto pode mudar é se todas as nações representadas aqui deixarem claro que ambas vão pagar o preço por estarem bloqueando o progresso e isso não é mais tolerável”.
O grupo discutiu o plano de transição para a paz formulado pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe a Síria, Koffi Annan, que havia sido discutido no último dia 30 em reunião em Genebra do Grupo de Ação para a Síria, formado pelos membros do Conselho de Segurança e países da região (Catar, Turquia, Kuwait e Iraque).
Agência Efe
Refugiados sírios caminham por Islahiye, en Hatay, em um campo de refugiados na Turquia nesta semana
“O plano é um roteiro para que as pessoas saibam que há uma alternativa se pararem de lutar”, explicou Annan em entrevista ao jornal britânico The Guardian. O documento sugere a criação de um governo de transição composto por membros do governo de Assad e dos grupos de oposição ao regime que excluiria a participação de oficiais cuja presença pode dificultar os esforços de conciliação.
Esta última cláusula não foi aprovada em Genebra em decorrência da posição da China e da Rússia que se opõem a saída de Assad. A reunião em Paris, no entanto, obteve sucesso em aprovar com unanimidade os seis pontos propostos por Annan.
Um texto estabelecendo os próximos passos dos Amigos do Povo Sírio foi redigido ao fim do encontro. Neste documento, as nações se comprometeram a fortalecer a rede de apoio à oposição síria e a assistência humanitária no país e dão recado claro a Rússia e China.
“Eles pedem ao Conselho de Segurança da ONU a cumprir seu papel e apoiar Kofi Annan por meio da adoção de uma resolução que apoie integralmente o plano do enviado especial”, diz o documento. O grupo, no entanto, deixou claro sua desaprovação de intervenção militar no país.
A reunião de Paris terminou com o mesmo recado com que foi inaugurada: todos os países pediram a saída de Assad.
Oposição síria
Representantes da oposição síria também participaram da conferência nesta sexta (06/07) em Paris e pediram ações concretas para dar fim ao conflito. “Não compreendemos como podemos ter tantos amigos e, no entanto, as pessoas continuam sendo massacradas. Desejamos que sua amizade seja eficaz. Chega de massacres”, disse Riad Seif, integrante do Conselho Nacional Sírio (CNS), na abertura da terceira conferência.
Líder do CNS, Abdel Basset Sayda, participa da Conferência em Paris/Agência Efe
O CNS propôs a criação de zonas de exclusão aérea na Síria. “As declarações não vão parar o massacre. Queremos um plano de trabalho com um calendário preciso, um embargo aéreo”, acrescentou Khaled Abu Salah, representante da juventude síria que discursou com um pseudônimo.
Nas ruas da Síria, manifestantes da cidade de Idlib expunham sua insatisfação com a atuação da comunidade internacional. Referindo-se ao grupo de Amigos do Povo Sírio, um dos cartazes estampava: “The only Friend of the Syrian People is his firearm. Que se danem suas conferências”.
Resposta russa
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Gennady Gatilov, respondeu às afirmações de Hillary Clinton e afirmou estar preocupado quanto às resoluções esboçadas na reunião desta sexta (06/07) em Paris.
“O que nos preocupa mais do que qualquer outra coisa são estas observações que vão contra o documento final de reunião de Genebra (do último dia 30), que foi aprovado com a participação da secretária de estado dos EUA”, disse Gatilov a agência de notícias Interfax.
Segundo a agência Efe, o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Riabkov, também respondeu Clinton. “A Rússia não apoia o presidente da Síria, Bashar al Assad, e nenhum outro líder sírio”, declarou ele.
Nesta quinta-feira (05/07), o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados divulgou que o número de refugiados sírios não pára de crescer. Cerca de 100 mil refugiados fugiram da Síria para países vizinhos, como Turquia e Jordânia, que abrigam, respectivamente, 35 mil e 28 mil deslocados.