O presidente do Chile, Sebastían Piñera, se reuniu neste sábado (21/07) com representantes de uma associação de pais e anunciou que seu governo investigará 61 escolas da capital Santiago do Chile onde podem ter ocorrido casos de pedofilia.
O país vivenciou ao longo dos últimos meses uma brusca elevação no número de denúncias de abuso sexual de menores. Segundo dados do governo, a quantidade de jovens com menos de 14 anos que alegam terem sido molestados aumentou 22% na comparação com os primeiros seis meses de 2011.
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Sabas Chahuán, procurador-geral chileno, disse à imprensa que serão investigadas 49 escolas na região leste e outras 12 na região oeste de Santiago. “Onde quer que haja crianças, nos investigaremos da mesma forma como investigamos a corrupção ou crimes econômicos”, garantiu.
Em junho, o governo de Piñera proibiu que pessoas condenadas em algum momento por crimes de pedofilia trabalhem ao lado de crianças. Agora o Executivo pretende inclusive criar até o próximo mês de agosto um banco de dados nacional capaz de reunir a identidade dessas pessoas. Na última quarta-feira (18/07), o presidente também anunciou punições mais severas para os chilenos que forem condenados pela distribuição de pornografia infantil.
No encontro desta manhã, Piñera pediu ao congressistas que agilizem o trâmite de cerca de 100 leis capazes, segundo ele, de intensificar a proteção de crianças contra abusos sexuais. De acordo com uma dessas legislações pendentes na agenda do Congresso, crianças não precisaram mais relatar repetidamente a forma como ocorreu o crime, mas sim apenas gravar um vídeo com o depoimento para ser apresentado à Justiça.
Esta não é a primeira vez que o Chile se sensibiliza diante de um escândalo de pedofilia. Em 2010, quatro adultos alegaram terem sido molestados por um dos sacerdotes católicos mais célebres do país, o padre Fernando Karadima, enquanto tinham de 14 a 17 anos.
Karadima não foi condenado legalmente e recebeu como única punição uma ordem do Vaticano para que conduzisse uma vida de “penitência e oração”. À época, a Justiça do Chile reconheceu a veracidade das denúncias, mas se disse obrigada a arquivar o caso pela idade avançada dos crimes.