Um importante confronto entre o exército sírio e as forças rebeldes que lutam pela queda do regime do presidente Bashar Al Assad ocorreu neste sábado (28/07) em Aleppo, cidade mais populosa e centro financeiro da Síria. As forças de oposição ocuparam alguns bairros da cidade, provocando uma ofensiva militar por terra e ar que teve início nesta semana para recuperar alguns bairros que caíram sob o controle da oposição.
No campo diplomático, a Rússia, principal aliada do governo sírio, afirmou pela primeira vez, através do chanceler Serguei Lavrov, que manterá contato com as forças de oposição e que o país não tem intenção de dar asilo político a Bashar Al Assad em caso de derrocada do regime.
Campo de batalha
De acordo com um correspondente da agência de notícias France Presse, que se encontra em Aleppo, os rebeldes conseguiram se defender das tropas de Assad no bairro de Salahedine. Não houve notícia sobre avanços das forças oficiais, que teriam ainda perdido cinco tanques, segundo afirmou Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH (Observatório Sírio dos Direitos Humanos), ONG com sede em Londres que apoia as forças de oposição.
Agência Efe/Sana
Ministro do Interior, Mohamed al Chaar, voltou ao trabalho neste sábado após ter sofrido um atentado pelas forças de oposição
O órgão afirma que pelo menos 29 pessoas morreram nos confrontos (dez soldados do governo, onze rebeldes e oito civis) só hoje em Aleppo. Os números, no entanto, não podem ser confirmados por uma fonte independente, pois a ONU (Organização das Nações Unidas) parou de contabilizar as vítimas desde o fim do ano passado. A crise armada no país árabe já dura 14 meses.
Por outro lado, a Sana, agência de notícias oficial do governo, relatou confrontos no bairro de Al Fourkane (ao leste da cidade) entre o Exército e “um grupo terrorista que aterrorizou os habitantes”. A Sana afirmou que dois terroristas, termo o qual eles se referem aos rebeldes, foram mortos e outros três detidos.
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De acordo com a rede britânica BBC, a maior parte dos ataques ocorreu pela manhã, quando testemunhas relataram a entrada de tanques na zona sul do país e sobrevoos de aviões militares a baixa altitude. A France Presse afirma que eles ocorreram ainda pela madrugada, pela região sudoeste, que permanece cercada e foi duramente bombardeada até o fim da tarde.
O bairro de Salahedine é o que concentra a maior parte das forças rebeldes. O local, segundo a Reuters, foi atacado por mísseis em ataques de helicópteros do governo, enquanto unidades blindadas se posicionavam para fortalecer a ofensiva. Inúmeras famílias deixaram suas casas, mas não tem como fugir da cidade – por isso, reúnem-se em parques públicos ou escolas. A cidade sofre com problemas de abastecimento.
O conflito armado se desenrola ainda em outras partes do país. O exército afirma ter controlado a cidade de Karnaz, no sul, próximo a Hama e inicia uma ofensiva em Lajjate, na região sul do país.
Aliado
Ainda neste sábado, a Rússia surpreendeu ao dizer que manterá, “em breve”, contatos com as forças opositoras sírias, que, segundo o chanceler Lavrorv, já estavam previstas. Segundo o embaixador, em nenhum momento a Rússia chegou a cogitar conceder asilo político ao presidente Bashar al Assad, caso isso se torne necessário.
No entanto, o país defendeu a ofensiva em Aleppo, afirmando não ser “realista” esperar que o governo permaneça de braços cruzados enquanto os rebeldes ocupam uma cidade de 2,5 milhões de habitantes.
“Estamos tentando convencer o governo de que ele deve dar o primeiro passo, mas quando a oposição ocupa cidades como Aleppo, onde uma nova tragédia se desenha, não é realista esperar que aceite isso”, disse Lavrov.
No entanto, o embaixador russo em Paris, Alexander Orlov, considerou “difícil de imaginar” que o presidente sírio permaneça no poder. Em sua opinião, ele agora deve planejar sua partida “de maneira civilizada”.
(*) com agências de notícias internacionais