As esperanças do governo grego para flexibilizar o prazo do cumprimento das medidas de austeridade fiscal impostas por seus credores não foi bem recebida por diversas autoridades europeias que, nesta quinta-feira (23/08) deram um claro recado a Atenas: os compromissos assumidos terão de ser cumpridos sem adiamentos.
As declarações vem um dia depois do primeiro-ministro helênico, Antonis Samaras, ter solicitado mais dois anos de prazo para a implementação total das medidas exigidas pela Troika (grupo formado por Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) em troca de aportes financeiros.
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O ministro das Finanças da Alemanha assegurou nesta quinta-feira (23/08) que conceder uma prorrogação no plano de cortes do país “não é a solução”. Para Wolfgang Schäuble, mais tempo significaria mais dinheiro e mais gasto para a zona do euro. “Não é uma questão de generosidade”, disse ele, “mas sim de se encontrar um caminho para que a zona do euro supere a crise de confiança crescente nos mercados financeiros”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, se reúne nesta quinta-feira (23/08) com o presidente francês, François Hollande, para discutir a situação grega e formular um pronunciamento conjunto. “Eu venho para essas discussões com a percepção que temos de assegurar que todas as partes cumpram seus compromissos”, disse Merkel a jornalistas, citada pelo jornal espanhol El Pais.
Merkel lembrou, no entanto, que a decisão sobre a extensão do prazo grego deve ser tomada apenas no próximo mês com a reunião da Troika. Principais credores do governo grego, o grupo se encontrará em Atenas em setembro para decidir se o país está cumprindo as medidas exigidas pelo programa de austeridade. De acordo com este veredito, a Troika decidirá se vai ou não aceitar o pedido de Samaras.
“A bola está na avaliação da Grécia – na verdade, está é a última chance e cidadãos gregos tem que saber disso”, disse o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, nesta quarta-feira (22/08) após reunião com premiê grego. Juncker alertou a Samaras para continuar com os cortes orçamentários e reforçar as medidas estruturais exigidas em troca dos dois pacotes de empréstimo.
Atenas tem a difícil tarefa de cortar 11,5 bilhões de euros (o equivalente a cerca de 5% do PIB grego) na despesa pública em 2013 e 2014, conforme exigências da Troika. Para isso, o governo impõe duras medidas para a população, como o corte de cargos públicos, privatizações, diminuição de salários e o aumento de impostos. Segundo informações do site espanhol Publico.es, pelo menos 40 mil funcionários públicos serão demitidos nos próximos cortes no país.
“Tudo o que queremos é um pouco de ar para respirar”, explicou o primeiro-ministro em uma entrevista a revista alemã Bild divulgada nesta quarta-feira (22/08). Samaras esclareceu que sua administração não está pedindo um pacote adicional de empréstimos aos seus credores, mas apenas uma extensão do prazo para executar todas as ações previstas no plano delineado pela Troika. “Vamos honrar os nossos compromissos e cumprir todos os requisitos”, acrescentou ele a fim de afastar especulações.