O governo venezuelano voltou a negar nesta quarta-feira (05/09) o suposto massacre de 80 ianomâmis na comunidade de Irotatheri, na fronteira com o Brasil. A ministra para os Povos Indígenas, Nícia Maldonado, foi a primeira representante governista a visitar o local e afirmou que “não há evidências de nenhuma morte”.
“Queremos informar ao povo da Venezuela que visitamos hoje (05/09) essa comunidade, junto com o Ministério Público, e não há evidências de nenhuma morte de companheiros e irmãos Ianomâmis. Portanto, lá se pode constatar que as denúncias difundidas pelos meios de comunicação foram infundadas, falsas”, afirmou a ministra por telefone à rede estatal de televisão VTV.
Agência AVN
A ministra para os Povos Indígenas, Nícia Maldonado, espera que o Ministério Público emita em breve a sua avaliação sobre o assunto
Segundo ela, uma comissão mista composta por três membros do Ministério Público, quatro da Polícia Civil, 14 das Forças Armadas e sete do Ministério para os Povos Indígenas se deslocou por via área para verificar as comunidades. “Esperamos que a comissão do emita o veredicto final.”
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O suposto crime, denunciado pela ONG HOY (Horonami Organização Yanomami), teria sido cometido no final de julho por garimpeiros ilegais brasileiros. Segundo a denúncia, eles dispararam com armas e explosivos contra um “shabono” (casa coletiva ianomami) onde estavam cerca de 80 indígenas. Depois, queimaram toda a aldeia. Três índios teriam sobrevivido por não estar no local quando ocorreram os fatos.
Mais cedo, em outra coletiva na tarde desta quarta-feira, o presidente Hugo Chávez também argumentou que não foi encontrado “nenhum rastro nem testemunho de massacre”. O presidente afirmou que vários meios de comunicação deram como verdadeiras as denúncias, mesmo sem ter provas. De acordo com Chávez, a “falsa denúncia” serviu para que o governo conhecesse as necessidades das populações indígenas.
No Brasil, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara aprovou também nesta quarta-feira um requerimento com pedido de informações que será encaminhado à Embaixada da Venezuela no país. A pedido do deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), a comissão quer esclarecimentos sobre a denúncia de massacre. “É preciso ter mais explicações e esclarecimentos sobre esse episódio”, disse o parlamentar.
Na terça-feira (04/09), 11 organizações indígenas do Estado do Amazonas enviaram uma carta a Chávez pedindo a continuação das investigações. As ONGs reclamavam que o governo venezuelano não havia chegado ao local indicado, o que só ocorreu na quarta-feira, pois, segundo as autoridades locais, é necessário percorrer um caminho a pé por pelo menos três dias, dentro de uma mata fechada.
Segundo a ONG Provea (Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos), durante o governo de Ramón José Velásquez, em 1993, autoridades venezuelanas negaram um ataque à comunidade Ianomami de Haximú. Alguns dias depois, diante de evidências do massacre de 16 indígenas, os governos de Brasil e Venezuela assumiram uma série de compromissos de proteção a esse povo, considerads Patrimônio da Humanidade.