Um dia após ser eleito novo presidente da Somália, o ativista Hassan Sheikh Mohamoud foi alvo nesta quarta-feira (12/09) de um ataque suicida na capital Mogadishu. De acordo com testemunhas, dois integrantes do Al Shabab, grupo terrorista alinhado à Al Qaeda, acionaram explosivos e abriram fogo em frente ao portão do hotel onde o político estava hospedado.
“Houve uma explosão em torno do hotel, mas o presidente e as pessoas que estavam dentro do local estão a salvo”, confirmou à AFP Ali Houmed, porta-voz da AMISOM (Missão da União Africana na Somália). No entanto, segundo um policial que presenciou o atentado, três soldados foram mortos, entre eles um militar das forças regionais de Uganda.
Efe
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Nesta terça-feira, momentos após a vitória de Mohamoud ser oficializada, membros do Al Shabab anunciaram que a eleição do presidente “foi organizada pelos inimigos da Somália”.
Uma testemunha que passava pelo local no momento do ataque alegou à emissora britânica BBC que, logo após um dos militantes se explodir, outro correu na direção do hotel atirando contra oficiais. Esse segundo militante ameaçou acionar mais explosivos, mas acabou morto por agentes de segurança.
O Al Shabab perdeu muito espaço ao longo dos últimos meses com o aumento da presença de forças da União Africana na capital Mogadishu. Ainda assim, persistem ataques ocasionais contra autoridades políticas do país.
A eleição
Hassan Sheikh Mohamoud foi eleito nesta segunda-feira como novo presidente da Somália pelo novo parlamento do país para um mandato de quatro anos. O início de seu governo põe fim à transição política iniciada em 2004 com o apoio da ONU.
Acadêmico e ativista pelos Direitos Humanos, fundou no ano passado o Partido da Paz e Desenvolvimento e superou na votação final o atual presidente e favorito do pleito, Sharif Sheikh Ahmed.
Mohamoud foi eleito com 190 votos, enquanto Ahmed ficou com 79. A eleição contou com 271 parlamentares e ocorreu no interior de um quartel policial de Mogadíscio. Os deputados, responsáveis da designação do novo presidente, foram nomeados no mês passado por um grupo de 135 líderes tradicionais que, segundo o UNPOS (Escritório Político da ONU para a Somália), representam todos os clãs do país.
Esse método de representação, supervisionado e aprovado pela ONU, substitui eleições democráticas, já que a situação de segurança não permite a realização de um pleito aberto. A expectativa é de que em quatro anos uma votação democrática torne-se possível.
Atualmente, as tropas da AMISOM (Missão da União Africana na Somália), ao lado dos exércitos de Somália e Etiópia e milícias pró-governo, avançam em direção à cidade de Kismayo, reduto dos radicais islâmicos Al Shabab. O grupo, que em fevereiro anunciou sua união formal com a rede terrorista Al Qaeda, combate desde 2006 o governo somali e as tropas aliadas como forma de instaurar um Estado muçulmano de linha wahhabista.