Após cinco meses à frente do governo francês, o presidente socialista François Hollande enfrenta pela primeira vez uma clara insatisfação popular. A pesquisa Infop para o Journal du Dimanche, divulgada nesta segunda-feira (23/09), mostrou que a maioria dos franceses está descontente com sua atuação e duvida de sua capacidade de realizar reformas.
A porcentagem de insatisfeitos com Hollande aumentou 11 pontos desde a última sondagem, no mês passado, e atingiu a marca de 56% – ou seja, mais da metade da população francesa. Os números mostram que o presidente vem perdendo prestígio entre os simpatizantes de seu próprio partido, o Socialista (-6% de satisfeitos).
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Os principais jornais franceses destacaram hoje “a grande queda” do presidente na pesquisa e exaltaram o que pode ser o início de uma “crise de confiança” no Palácio do Eliseu. Ao todo, apenas 43% dos entrevistados mostrou-se contente com seu governo, o que acendeu o sinal amarelo entre os socialistas.
O Le Figaro comparou a baixa nos números de Hollande com a de Jacques Chirac depois do referendo sobre a Constituição europeia, em 2005, e a do general Charles de Gaulle durante a guerra argelina. Em ambos os casos, eles caíram 12 pontos em um mês, contra 11 de Hollande.
Os piores resultados do atual presidente francês foram entre comerciantes e idosos (-22% e -17% de satisfeitos, respectivamente). No espectro político, o presidente socialista vê mais descontentamento entre os Verdes e a Frente de Esquerda (-19% e -15% de satisfação).
Perguntado sobre sua popularidade ontem, Hollande contemporizou e pediu para “ser julgado por seus resultados”. Ele já sabia dos números da pesquisa.
“O mandato é de altos e baixos. O que importa é que o objetivo está definido e temos os meios e a força para alcançá-los. Vai levar tempo, as pesquisas são apenas uma estimativa. O único resultado que conta é o dos eleitores quando são consultados”, disse, em viagem à Alemanha.
Com os mesmos quatro meses de governo, François Mitterand tinha 48% de aprovação (1981), Chirac tinha 33% (1995) e Nicolas Sarkozy contava com 61% (2007). Os socialistas argumentam que é um “tempo de incertezas” na França em virtude da crise econômica e pedem tempo para que Hollande possa mostrar seu trabalho.