A chanceler alemã, Angela Merkel, defenderá nesta quinta-feira (18/10), durante a abertura do Conselho Europeu, em Bruxelas, que a União Europeia tenha o poder de vetar orçamentos dos países-membros que compõem o bloco. Essa intenção foi anunciada por ela pela manhã, durante uma intervenção no Bundestag, o parlamento germânico, em Berlim, onde anunciou sua agenda para o encontro de cúpula. A mesma posição já havia sido defendida no início da semana pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.
No discurso, Merkel também quis deixar claro que terá apoio para enfrentar qualquer oposição à sua defesa intransigente das medidas de austeridade, dando um recado ao presidente francês, François Hollande.
Agência Efe
A chanceler Angela Merkel durante discurso no Bundestag, onde defendeu intervenção da UE em orçamentos nacionais
“Somos da opinião – e falo disto em nome de todo o governo alemão – de que podemos dar um passo em frente ao darmos à Europa verdadeiros direitos de intervenção nos orçamentos nacionais, quando estes não respeitarem os limites fixados para a estabilidade e o crescimento”, disse a chanceler.
Segundo as intenções de Merkel, o veto seria unilateralmente decidido pelo comissário europeu de Assuntos Econômicos. A pasta é atualmente ocupada pelo finlandês Olli Rehn.
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A chefe de governo alemão foi aplaudida no Bundestag ao dizer que “muitos membros da União Europeia não estão prontos para isso, lamentavelmente”, mas que lutará por esse ideal durante a reunião.
“Fico espantada quando alguém faz uma proposta progressista e imediatamente se grita que não vai funcionar, que a Alemanha está isolada, que não o podemos fazer. Não é assim que vamos construir uma Europa crível”, disse ela, em crítica indireta a Hollande, que entende que as medidas de austeridade fiscal, defendidas a ferro e fogo por Merkel deveriam ser mais flexíveis e priorizar o crescimento econômico.
Merkel também falou sobre o tema do projeto de supervisão bancária na zona do Euro, defendendo a posição que a medida não deve ser construída com tanta rapidez (muitos líderes defendem que ela esteja pronta em janeiro de 2013). Para ela, a pressa em atribuir mais poderes ao BCE (Banco Central Europeu) poderá revelar-se uma “fórmula para o fracasso”.
Por outro lado, ela considera que injetar capital nas entidades bancárias a partir do novo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade financeira) é uma solução que não poderá ser levada à prática sem que as estruturas de supervisão estejam completamente operacionais. “A conclusão do processo legal para a supervisão bancária não é suficiente em si mesma”, disse.
Por fim, ela também afirmou ter encontrado, durante sua visita à Grécia, país atualmente mais endividado do bloco, “um forte desejo de mudança”. Sua visita foi marcada por fortes manifestações populares contra as medidas de austeridade aplicadas pelo governo do conservador Antonis Samaras, submetido às posições defendidas pela Alemanha
O discurso de Merkel foi duramente criticado pelo líder da oposição alemã, o social-democrata Peer Steinbrück,que acusou a chanceler de lançar uma campanha de “bullying” contra a presença da Grécia na zona do Euro. “Não interveio, não falou em prol da Europa e vacilou. Nem Helmut Kohl nem qualquer um dos seus antecessores teriam permitido que um vizinho europeu fosse atacado desta forma com propósitos políticos domésticos”.