Após meses de divergência entre França e Alemanha sobre o futuro da regulação bancária europeia, a chanceler Angela Merkel conseguiu vencer o presidente François Hollande na noite desta quinta-feira (18/10) e agora coordenará um calendário mais paulatino para a integração e supervisão financeira no BCE (o Banco Central Europeu). Com o objetivo de oxigenar as economias mais afetadas pela crise da Zona do Euro, a proposta de Paris previa uma aceleração do processo de reforma do sistema bancário europeu.
De acordo com o presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy, maiores detalhes técnicos sobre o projeto alemão ainda “serão decididos pelo Eurogrupo” a partir de uma reunião entre os ministros das finanças do bloco.
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A recapitalização direta de instituições financeiras a partir do sistema europeu de empréstimo tornou-se agora mais complexa e pode vir a demorar mais do que esperavam os governos de países como Portugal, Grécia e, principalmente, Espanha. No entanto, mesmo diante da recusa de seu projeto, o presidente Hollande alegou que “a união bancária seguirá adiante” e comemorou que “o pior já passou”.
Em um primeiro momento, os próprios países endividados serão responsáveis por eliminar os chamados “ativos tóxicos”, isto é, títulos de baixa qualidade com rendimento nulo ou mesmo negativo. Há meses, Madri aguardava justamente o oposto: que o BCE absorvesse essas ações e, assim, amenizasse em boa medida o déficit espanhol.
Todos os 27 estados-parte da União Europeia concordaram em continuar os trabalhos jurídicos para instalar no bloco até o fim deste ano um órgão único de supervisão bancária. Isso pressupõe adiar o programa de empréstimos a entidades financeiras (o que chamam de programa de recapitalização) para 2014.
Tanto a Comissão Europeia como o BCE já haviam alertado os representantes franceses de que o projeto alemão ganhava espaço dentro da União Europeia. No entanto, Paris preferiu manter a opinião de que o bloco deve preservar o “espírito e a letra” daquilo que já havia sido anteriormente acordado, isto é, a socialização dos prejuízos da Zona do Euro.