Após o presidente do Egito, Mohamed Mursi, anunciar que suas decisões são “definitivas” e que passará a governar por decreto, membros da oposição convocaram a população para um dia de protestos no país.
Críticos de Mursi acusam o presidente de perpetrar um golpe de Estado, já que, a partir desta quinta-feira (22/11), nem mesmo membros do Judiciário poderão revogar medidas do Executivo.
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O porta-voz do Sindicato dos Advogados, Sameh Ashour, e líderes da oposição como o diplomata Mohamed el Baradei e Amr Moussa alegaram que o gesto de Mursi cria um “monopólio das três instâncias de poder” e promove “a execução total da independência do Judiciário”.
“Estamos convocando todos os egípcios a protestarem pelo país nesta sexta-feira (23/11)”, disseram em uma entrevista coletiva conjunta. Eles também receiam a decisão do governo levar aqueles que lutaram contra a oposição ao regime do ex-ditador Hosni Mubarak em 2011 a um novo julgamento.
Por meio de sua conta no Twitter, El Baradei, que é vencedor de um Nobel da Paz, afirmou que Mursi “declarou a si próprio o novo faraó do Egito”. A seu ver isso representa “mais um ataque à revolução, o que pode gerar graves consequências”.
Wael Ghonim, outro membro da oposição que participou da convocação de novos protestos, negou que o objetivo da revolução que depôs Mubarak tenha sido “encontrar um ditador benigno”. “É diferente uma decisão revolucionária e uma decisão ditatorial”.
Efe
Manifestantes pró-Mubarak, nesta quinta-feira, em frente à Suprema Corte de Justiça.
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O argumento governista é de que a decisão de Mursi visa a proteger a revolução egípcia. Na noite desta terça-feira (22/11), milhares de partidários do presidente se reuniram em frente à Suprema Corte de Justiça do Egito para celebrar o anúncio da medida.
Mahmoud Ghozlan, porta-voz do partido de Mursi, a Irmandade Muçulmana, classificou o gesto do governo de ‘”revolucionário e popular”. O argumento do próprio Mursi é de que, somente dessa forma, sera possível “limpar as instituições do Estado” e destruir o que chama de “infraestrutura do antigo regime”.
Entre os primeiros decretos de Mursi está a autorização para que os 100 membros da Assembleia Constituinte estendam em dois meses o prazo máximo para a formulação de um novo texto constitucional para o país. Uma vez concluído, ele alega que os termos serão levados a referendo popular.