A prisão de Guayama, ao sul de Porto Rico, autoriza que três de seus presos utilizem uma conta no microblog Twitter, onde descrevem o cotidiano da vida atrás das grades. A iniciativa faz parte de um polêmico programa acertado entre o DCR (Departamento de Correção e Reabilitação) de Porto Rico e um grupo multinacional de mídia, que tem como objetivo prevenir a delinquência juvenil.
A conta @followtounfollow (siga-me para não me seguir) foi aberta em outubro, mas só começou a ter mais assiduidade desde a última terça-feira (04/12) e já possui oito mil seguidores. Os presos Alexander Nieves Andrades, Aníbal Santana Merced e Miguel Martínez de León postam todas as suas mensagens sob supervisão e vigilância, em uma área administrativa do complexo presidiário. Eles não podem ter acesso a outros sites na internet e tudo o que escrevem passa por prévia autorização dos agentes correcionais. As informações são dos sites Univisón e El Nuevo Dia.
Reprodução/Twitter
Veja abaixo alguns dos tuítes postados pelos detentos:
“Ontem à noite eu sonhei que estava com a minha filha e que juntos decorávamos a árvore de Natal. Quando eu abri meus olhos estava em uma caixa de grades”.
“Você não sabe o que é acordar às 4 da manhã para um compromisso e ser algemado nos pés e nas mãos, bem apertado e ficar horas desse jeito”.
“Nos levantamos hoje com tantas más notícias que isso me obriga a pedir à juventude que pense antes de cometer um delito”.
“A esses que falham para com a sociedade e para com eles mesmo: a vida no cárcere não é fácil”.
“Dê uma chance à vida, pois em um determinado ponto só terá o encarceramento ou a morte”.
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Justificativas
“Isto não é um reality show para se enaltecer a vida criminal, mas a dura realidade por se tomar uma decisão equivocada”, disse Jesús González Cruz, secretário do DCR. “Queremos que a história de cada um dos presos se converta em uma maneira para dissuadir outros jovens”, afirma.
“Entendemos que, com este projeto, vamos alcançar um público que não conseguiríamos atingir de outro modo. Para um jovem, isso não é a mesma coisa do que quando conversam com familiares, professores ou um amigo. É alguém que está experimentando um processo criminal, que foi condenado e encarcerado e está mostrando a realidade, incentivando eles a não seguirem os mesmos passos que o levaram a terminar na prisão”.
Reprodução/Twitter
O diretor de inovação da Starcom Media Vest Group de Porto Rico, Alejandro Roasado, grupo que apoia o projeto, disse que Porto Rico atravessa uma crise social. “A criminalidade transcende ideologias e classes sociais. Por causa disso, criamos a primeira campanha em Twitter com detentos reais, postando mensagens reais”, disse. “Acreditamos que o fator curiosidade que essa campanha vai gerar fará com que os jovens sigam essas histórias e estas lhes sirvam como lição de vida”, afirmou.