O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (07/12), em Berlim, um maior prazo para que Espanha e Grécia consolidem suas contas públicas, alegando que o forte ajuste que estão implementando “favorece a recessão”.
Em discurso no congresso do IG Metall, o sindicato alemão do metal, o político e ex-sindicalista se aprofundou nas causas da crise da dívida e nas fórmulas empregadas para combatê-la.
Lula alertou que o “ajuste acelerado” exigido pela Comissão Europeia (órgão executivo da UE) a Atenas e Madri “favorece a recessão e o surgimento de mais problemas”, que estão pondo em questão “conquistas já alcançadas” em nível social e trabalhista.
“Temo que na Europa haja vozes que começam a negar a União Europeia. A União Europeia é patrimônio da humanidade, é a superação de 1.500 anos de conflitos”, argumentou Lula.
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Em seu discurso, o ex-presidente criticou as políticas de austeridade aplicadas na Europa e pediu o resgate das pessoas, fomentando o crescimento e o emprego, em vez dos bancos.
Segundo sua opinião, “a saída da crise passa por manter o emprego e estimular o crescimento e não com ajustes que castigam os empregados”.
Lula apontou, neste sentido, que as decisões estipuladas nas reuniões de Londres e Seul do Grupo dos 20, no qual o Brasil participa, referentes à promoção do emprego e ao desenvolvimento econômico, “não foram implementadas”.
Além disso, exigiu da classe política europeia que “perca o medo de exercer o poder democrático” e escute as pessoas, principalmente os cidadãos mais humildes.
“Quando os magnatas do sistema financeiro ganham, não dividem; mas quando perdem, as perdas afetam todos”, criticou.
Lula comparou também a “era de paz e progresso” que a América Latina está vivendo na atualidade – e que “não vivia há muito tempo” – com a situação da Europa, que atravessa “uma era nervosa e apreensiva, especialmente para a juventude”.
Em relação ao Brasil, o ex-presidente se mostrou otimista, convencido de que a maior economia latino-americana pode chegar a ser a quinta mais potente do mundo, um marco que “só interessa” se isso “servir para melhorar a vida do povo”.
Depois deste discurso para cerca de 400 delegados do IG Metall, Lula foi a um debate organizado pela fundação Friedrich-Ebert, próximo ao Partido Social-Democrata Alemão (SPD), e se reuniu com dois de seus líderes, o candidato à Chancelaria para 2013, Peer Steinbrück, e o chefe do grupo parlamentar, Franz-Walter Steinmeier.
Após sua passagem pela Alemanha, está previsto que Lula viaje a Paris, onde na segunda-feira (10/12) participará de um seminário sobre assuntos econômicos e sociais, do qual também participarão os presidentes da França, François Hollande, e Brasil, Dilma Rousseff, que estará em visita oficial ao país.
Na próxima quinta-feira (13/12), por fim, o ex-presidente brasileiro irá a Barcelona, onde receberá o Prêmio Internacional Catalunha, que lhe foi concedido em março passado por seu trabalho em favor da redução da pobreza e das desigualdades sociais.