Pelo menos quatro mil procedimentos cirúrgicos foram cancelados nos sete primeiros dias da greve dos médicos em Madri, informou nesta sexta-feira (14/12) o Conselho de Saúde da Espanha. A paralisação dos serviços, que não excluiu o tratamento de casos urgentes, teve início no dia 25 de novembro e acontece apenas de segunda até quinta-feira.
Agência Efe (09/12)
Médicos grevistas protestam nas ruas de Madri contra plano de reestruturação do governo regional que prevê privatização
O protesto foi convocado contra a reestruturação da saúde pública da capital espanhola, cujos detalhes foram divulgados no início de novembro e apontam para uma grande privatização do setor. A intenção do governo regional é de que um terço dos hospitais madrilenhos seja administrado pela iniciativa privada e que nenhum centro de saúde fique apenas nas mãos de entidades públicas.
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De acordo com o conselheiro do órgão, Javier Fernández-Lasquetty, apenas 20% dos funcionários aderiu à paralisação, liderada pela Afem (Associação de Especialistas Facultativos de Madri) e pelo Comitê Coordenador Profissional. A informação contrasta com o número divulgado pelo movimento grevista de que ao menos 70% dos profissionais participaram do protesto.
É a primeira vez que as autoridades espanholas divulgam dados sobre as consequências da paralisação no serviço de saúde público, que entra em sua quarta semana.
Até esta quinta (13/12), o governo não tinha demonstrado disposição em negociar com o movimento grevista, afirmando, até então, que a aplicação do plano de austeridade na saúde era inevitável e que poderia apenas discutir como aplicar as medidas. Ignácio González, o presidente do Conselho de Saúde, mudou o discurso e sugeriu que pode haver mudanças no projeto de privatização. As autoridades, no entanto, ainda não convidaram as lideranças grevistas para uma reunião.
Enquanto isso, o movimento continuou a realizar encontros entre os setores para determinar os serviços mínimos que vão continuar em funcionamento nas paralisações total dos dias 19 e 20.
Outra medida anunciada, dentro do plano de austeridade para a saúde, é que, independentemente da classe social do paciente, todos deverão pagar um euro a mais para a compra de cada medicamento. Em setembro, a Espanha já tinha implementado outras ações, como o fim do acesso de imigrantes ilegais ao sistema de saúde pública.