Agência Efe (14.12)
A presidente brasileira, Dilma Roussef, se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, no Kremlin
A presidente Dilma Rousseff deixou a Rússia algumas horas antes do previsto e embarcou para o Brasil neste sábado de manhã (15.12), encerrando a sua agenda de viagens internacionais de 2012. O voo estava programado para as 18h locais (12h em Brasília), mas a presidente adiantou o embarque e se dirigiu ao aeroporto às 11h locais, viajando logo em seguida. O voo faz uma escala técnica em Marraquech e continua com destino a Fortaleza.
A visita política a Moscou durou apenas 58 horas e foi marcada por um forte discurso de aproximação entre os parceiros estratégicos do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Em todos os pronunciamentos na capital russa, Dilma enfatizou a importância de que os dois países unam esforços para que a multipolaridade do mundo seja refletida nas organizações internacionais, como o FMI e a ONU. Temos “visões convergentes (…) e nossos países defendem um mundo (…) que reflita as profundas transformações pelas quais passa a humanidade”.
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Sandro Fernandes/ Opera Mundi
O “significativo progresso material experimentado” pela Rússia e pelo Brasil na última década também foi mencionado repetidas vezes pela presidente Dilma, tanto no discurso de encerramento do II Fórum Empresarial Brasil-Rússia, no hotel Ritz Carlton, quanto no encontro bilateral com o presidente Vladimir Putin, no Kremlin, ambos na tarde de sexta-feira (14.12).
(Dilma Roussef conversa com jornalistas presentes no Kremlin)
Durante a assinatura de atos feita no Kremlin, com o presidente Vladimir Putin, Dilma quis quebrar a formalidade da cerimônia e contou uma história “que os brasileiros gostam muito, relacionada ao futebol”. Ou pelo menos, tentou.
– Quando nós disputamos a Copa do Mundo aqui…
E um dos membros da comitiva diplomática brasileira corrigiu: “Foi na Suécia…”
– Aliás, foi na Suécia, mas nós disputamos a final contra a Rússia – continuou a presidente.
Outro membro da comitiva corrigiu: “Semifinal”
A presidente, de maneira simpática, replicou:
– Você veja (digindo-se a Putin) que os nossos ministros estão, todos eles, muito atentos aos detalhes futebolísticos que envolvem a Rússia e o Brasil.
E segue: “A parte interessante não está no jogo, está antes do jogo. O treinador do nosso time, Vicente Feola, chamou o nosso querido e inesquecível Garrincha e disse ‘Você entra pela direita, corta à esquerda, centra a bola e faz o gol’. E Garrincha respondeu: ‘Senhor treinador, você combinou com os russos?”.
O público presente riu discretamente, provavelmente achando mais engraçado o fato da presidente não ter sabido contar a piada. E Dilma conclui: “E eu quero dizer que eu vim aqui para combinar com os russos. Dessa vez”.
O “combinar com os russos” diz respeito a sete acordos assinados entre os dois países, nas áreas de cooperação em defesa e na organização de megaeventos esportivos. Na visita à Rússia, Dilma não conseguiu suspender o embargo da Rússia à carne suína de três estados brasileiros (MT, RS e PR). Os russos continuarão analisando se o Brasil cumpre com todos os requisitos sanitários exigidos pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal, na sigla em francês).
Política externa
O conflito na Síria também fez parte da agenda das conversas entre Rússia e Brasil. Dilma foi categórica: “O Brasil acha que não existe solução militar para o conflito sírio. Aqueles que defendem a solução dos conflitos através das armas têm tido grandes problemas”. Como exemplo, a presidente citou o Afeganistão, o Iraque e a Líbia”
A presidente afirmou que as intervenções, na maioria dos casos, em vez de estabilizar, criam mais impasses e conflitos que duram muito tempo. E disse ainda que “o governo de Damasco é o maior responsável pelo início dos conflitos armados, mas as oposições no país são muitas vezes armadas por potências externas”.
Quando perguntando a respeito de como celebraria o seu aniversário (Dilma completou 65 anos ontem), a presidente brincou com jornalistas: “Bolinho não tem, não. Bolinho engorda. Meninas, bolinho engorda”. Um dos jornalistas sugeriu: “Estrogonofe”. Dilma, de maneira descontraída, respondeu que também não tinha comido estrogonofe (prato típico da Rússia) e devolveu a pergunta aos jornalistas. Um profissional da imprensa respondeu: “Sim, estrogonofe. Com carne brasileira”.
Dilma deposita flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, próximo ao Kremlin, veja vídeo: