Pouco mais de dois meses após a eleição presidencial, quando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, derrotou o candidato da oposição Henrique Capriles, os venezuelanos vão às urnas novamente para escolher 23 governadores, 229 deputados estaduais e oito representantes indígenas.
Dentre os embates estaduais, o mais relevante é protagonizado exatamente por Capriles, que irá tentar, além do segundo mandato em Miranda, oxigenar a carreira política após a derrota para Chávez. Do outro lado da disputa está Elias Jaua, ex-vice-presidente, escalado para retomar o poder em um dos Estados mais importantes do país.
Além de Miranda, os Estados de Zulia, Carabobo, Táchira e Barinas guardam embates decisivos para o chavismo, uma vez que todos, exceto Barinas, são governados por partidos opositores, novamente unidos em torno da MUD (Mesa de Unidade Democrática) nessas eleições. Em seguida, em ordem de importância, vêm os Estados de Monagas, Lara, Bolívar, Anzoátegui e Aragua.
Veja abaixo como está o panorama eleitoral nos principais Estados venezuelanos.
Miranda: É onde acontece uma espécie de reedição do cenário da eleição presidencial, tanto pela presença de Capriles, como pela importância da vitória para o chavismo. Em Miranda fica boa parte da chamada Grande Caracas, divisão onde está inserida a capital venezuelana e, por isso, de grande relevância nacional. Além disso, Miranda concentra grandes zonas industriais e financeiras do país. Em 2008, Capriles venceu o páreo contra Diosdado Cabello, atualmente presidente da Assembleia Nacional. O chavismo tenta reverter o jogo com Elias Jaua, cuja estratégia é garantir o apoio das localidades mais humildes do Estado, como Petare.
Agência Efe (14/12)
O ex-vice-presidente venezuelano, Elias Jaua, discursa no último ato de sua campanha em Miranda que mesmo sob chuva, reuniu dezenas de pessoas
Zulia: Se trata do Estado mais rico do país – produz dois terços do petróleo da Venezuela –, maior zona eleitoral (2.334.529 eleitores) e um bastião oposicionista. Nas eleições de 2004, Zulia foi um dos dois únicos Estados conquistados pela oposição, ao lado de Nova Esparta. Em 2008, ganhou Pablo Pérez, do partido Um Novo Tempo. Concorrendo à reeleição, Pérez terá pela frente Francisco Arias Cárdenas, do PSUV, que já foi governador de Zulia. Apesar de ser governado pela oposição, Zulia deu uma vantagem de seis pontos percentuais a Chávez na eleição presidencial – quatro a mais que em 2006. É nesse aparente crescimento de popularidade do presidente que o chavismo aposta para ganhar.
Carabobo: Evocando a célebre batalha liderada pelo herói da libertação Simón Bolívar, que derrotou o exército realista ali em 1821, a direção do PSUV lançou Francisco Ameliach contra o atual governador, Henrique Salas Feo, do partido Projeto Venezuela. Filho, neto e tataraneto de governadores de Carabobo, Salas Feo, conhecido como “El Pollo”, é bastante identificado com a pujante oligarquia local. Carabobo é onde está localizada grande parte dos centros industriais do país, principalmente petroquímico, além de uma larga produção agropecuária.
Táchira: Um dos cenários mais favoráveis à oposição. Localizado na fronteira com a Colômbia, Táchira é conhecido por reunir um forte antichavismo. Tanto que, na eleição presidencial, Chávez perdeu somente lá e em Mérida – foram 56,24% dos votos para Capriles e 43,29% para o presidente reeleito. José Vielma Mora, do PSUV, tentará bater Cesar Pérez Vivas, do Copei, partido democrata-cristão que governou a Venezuela durante o Pacto de Punto Fijo, quando partidos de direita se alternaram no poder.
Barinas: A reeleição do candidato oficialista, Adán Chávez, é questão de honra para o presidente, cuja família é originária do Estado no oeste do país e onde ele iniciou sua trajetória política. Portanto, uma derrota para o candidato da oposição, Julio César Reyes, teria impacto pessoal em Chávez, que aposta na ampla vantagem dos votos em 7 de outubro (59,23%-40,15%) para que o irmão siga como governador.
Monagas: José Gregorio Briceño, ou popularmente conhecido como “Gato” Briceño, tem contra si a raiva do chavismo pelo fato de ter desertado para a oposição após conquistar o governo do Estado, em 2008. Ele concorre pelo recente MIGATO (Movimento Independente Ganhamos Todos) contra uma das pouquíssimas candidatas mulheres dessas eleições, Yelitze Santaella, que tem a tarefa de “recuperar” Monagas para o oficialismo. No entanto, a oposição aparece dividida entre “Gato” e Soraya Hernández, eleita nas primárias da MUD para representar a aliança de partidos. Se a direção nacional apóia o atual governador, a regional prefere Hernández. Impasse pode favorecer Santaella.
Lara: A exemplo de Monagas, o atual governador de Lara, Henri Falcón, é visto como um traidor pelo chavismo, após se afastar do governo pouco tempo depois de ser eleito. Na época, Falcón foi eleito com um recorde de 73,15% dos votos para em seguida saltar para o PPT (Partido Pátria para Todos), terminando no Avançado Progressista, que reúne dissidentes chavistas. Contra ele está Luis Reyes Reyes, ex-governador de Lara e um dos maiores aliados de Chávez.
Bolívar: O atual governador, Francisco Rangel Gómez é alvo de desconfiança de parte do chavismo, tanto por ser acusado de vínculos com mineradoras transnacionais como pelo apoio dado ao golpe de Estado contra o presidente em abril de 2002. Apesar disso, ele tem o apoio de Chávez contra Andrés Velásquez, da Causa R, partido reunido em torno da MUD.
Anzoátegui: Ali o oficialismo pretende substituir o governador chavista Tarek William Saab por um dos principais nomes da esquerda venezuelana, Aristobulo Istúriz, deputado federal pelo PSUV. Anzoátegui é um Estado com forte atividade petroleira, sendo casa de um dos maiores complexos petroquímicos do país. Antonio Barreto Sira, da AD, será o candidato da aliança opositora.
Aragua: Richard Mardo, do Primeiro Justiça (mesmo partido de Capriles), irá enfrentar o candidato do PSUV Tareck Al Aissami, há pouco tempo vice-presidente do país e nome escolhido para substituir o atual governador, Rafael Isea. Estado industrial, costeiro e agrário, Aragua também tem grande importância militar, por reunir as principais bases do exército venezuelano.
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