Mesmo após ter sido duramente criticado por seus principais aliados, os Estados Unidos e a União Europeia, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira (18/12) que irá continuar com os planos de construção de assentamentos em territórios palestinos.
Autoridades israelenses disseram que pretendem levar adiante nesta semana planos para a construção de 6.000 novas moradias para além das fronteiras estabelecidas entre os dois povos estabelecida em 1967. Ainda nesta quarta-feira (19), autoridades israelenses aprovarão a construção de 2.610 unidades nessa área. Na quinta-feira, o Ministério do Interior deverá aprovar outras mil unidades ao sul de Gilo, sudoeste de Jerusalém e também território ocupado.
Em vista à cidade de Acre, cidade ao norte de Israel, o premiê, favorito para permanecer no cargo nas eleições de janeiro de 2013, afirmou que todos os partidos sionistas devem apoiar a construção de novas casas em Jerusalém Oriental. “Jerusalém é a capital eterna do Estado de Israel, e nós continuaremos a construindo neste local (…) A unidade de Jerusalém reflete um amplo consenso nacional”.
Críticas
As declarações do premiê se seguiram após ele ter recebido severas críticas dos principais partidos de oposição: o Meretz, o Yesh Yatid e os Trabalhistas.
Na segunda-feira (17/12), o anúncio da construção de 1.500 casas no assentamento de Ramat Shlomo, também pertencente ao território reivindicado pelos palestinos, despertou uma atípica chuva de duras críticas da comunidade internacional a Israel, incluindo aliados históricos.
Agência Efe (16/12/12)
O premiê israelense Benjamin Netanyahu reativou a política de assentamentos em territórios palestinos
Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, afirmou nesta terça (18) que o anúncio de novos assentamentos configura uma “série contínua de provocações” e que coloca a paz na região em risco. Ela também pediu que as duas partes voltem a negociar a paz sem impor pré-condiçoes.
Horas mais cedo, os quatro países europeus membros do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), Reino Unido, França, Alemanha e Portugal, lançaram um comunicado em conjunto condenando os planos expansionistas israelenses.
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A Presidência palestina condenou o plano por considerar que ele “desafia toda a comunidade internacional e infla os sentimentos de palestinos e árabes em geral”. “Esta ação isolará Israel, já que o mundo inteiro agora rejeita a ocupação e reconhece o Estado palestino segundo as fronteiras de 1967”, declarou o porta-voz da presidência, Nabil Abu Rudeina, à agência oficial Wafa.
O projeto de Ramat Shlomo está paralisado desde 2010, quando gerou uma crise diplomática com Washington. Em represália pelo reconhecimento da Palestina como Estado observador na Assembleia Geral da ONU no mês passado, Israel lançou uma campanha de colonização nos territórios ocupados de Jerusalém Oriental e Cisjordânia.
Recuo?
Em uma medida considerada surpreendente, o Ministério do Interior de Israel desaprovou nesta terça-feira (18) a construção de um grande número de casas para colonos em assentamentos em Jerusalém Oriental. A decisão veio logo depois das críticas internacionais.
Com a decisão, aproximadamente mil unidades habitacionais na vizinhança de Givat Hamatos, sul de Jerusalém, foram temporariamente canceladas. Ao mesmo tempo, o ministério autorizou a construção de 700 unidades para residentes árabes na vizinha Beit Safafa.
Segundo o vereador Yair Gabbay, as modificações ocorreram por razões estruturais, já que as construções foram mal planejadas, e não por pressões externas. “Há problemas com as estradas, infraestrutura, vizinhos que não foram identificados. Havia muitas falhas no projeto”.
Ativistas israelenses anti-ocupação afirmam que o adiamento em Givat Hamatos é insignificante: “Infelizmente, a rejeição a esse plano não irá resolver o problema político das construções nessa área. O plano principal de assentamentos em Givat Hamatos será suficiente para destruir a ‘solução de dois Estados’”, diz Hagit Ofran, integrante da equipe de observação de assentamentos da ONG Peace Now ao Jerusalem Post, pois impede a conexão dos territórios palestinos na cidade. Os planos do governo israelense preveem quatro áreas de construção na vizinhança, chamados de ‘A’, ‘B’, ‘C’ e ‘D’, e totalizariam 4 mil novas residências. Ofran refere-se ao plano ‘A’.