As Nações Unidas não conseguem providenciar alimentação para cerca de 1 milhão de pessoas que estão passando fome na Síria, informou nesta terça-feira (08/01) a porta-voz do Programa Mundial de Alimentação do organismo, Elisabeth Byrs.
Sob o plano de ajuda humanitária ao país árabe, a ONU consegue entregar refeições para 1,5 milhões de pessoas todo o mês. No entanto, segundo estimativas da Crescente Vermelho, pelo menos 2,5 milhões de residentes sírios necessitam de itens básicos, incluindo combustível.
Agência Efe
Meninos em campo de refugiados de residentes da Síria na Turquia; cerca de 600 mil pessoas já deixaram país devastado por conflito
Além da falta de segurança em algumas áreas do país, o órgão não tem autorização do governo sírio para utilizar o porto de Tartus para descarregar os materiais e oferecer assistência em determinados locais. Dezenas de funcionários já deixaram as cidades de Homs, Aleppo e Tartus por conta do crescente perigo.
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Longas filas em frente a padarias se tornaram um cenário comum no país, devastado por um conflito que já completou 21 meses e deixou ao menos 60 mil mortos. Mas, de acordo com a ONU, nem sempre existe pão disponível aos consumidores já que os danos na infraestrutura e a guerra prejudicaram, em larga escala, a produção de trigo.
Com a intensificação da luta nos últimos meses, a crise humanitária se agravou ao redor de todo o território sírio. O número de deslocados internos chegou a 2 milhões e, neste mês de janeiro, a ACNUR registrou 600 mil refugiados da Síria. “Nosso principal parceiro, a Crescente Vermelho está sobrecarregada e não tem mais capacidade de expandir”, afirmou Byrs.
Em coletiva de imprensa em Genebra, ela explicou que a organização está se preparando para ampliar sua missão na Síria. A ONU estima que 4 milhões de pessoas precisam de assistência.
ONU quer expandir missão
“O Programa Mundial de Alimentação está fazendo arranjos para importar combustível de uso humanitário e resolver o impacto de uma escassez de combustível em todo o país, que tem afetado a capacidade da agência de distribuir o alimento a tempo – do porto para as instalações de acondicionamento – e para encontrar caminhões que trabalhem na distribuição dos alimentos”, afirmou Byrs.
No mês passado, a ONU pediu US$1,5 bilhão para investir no programa de ajuda humanitária na Síria.
O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, afirmou nesta segunda (07/01) estar preocupado com a situação de calamidade do povo sírio e criticou o presidente Bashar al Assad por seu último pronunciamento.
Ki-moon: necessário transição
De acordo com o porta-voz da ONU, Ki-moon está “decepcionado com o discurso de Assad por não contribuir para uma solução que possa terminar com o sofrimento terrível da população”.
O secretário-geral enfatizou a importância de negociação entre as partes e fim do conflito militar para o estabelecimento de um governo de transição, composto por integrantes da oposição e do regime sírio. “O discurso de Assad rejeitou o ponto mais importante do Comunicado de Genebra”, disse ao se referir de acordo do Grupo de Ação para a Síria, formado pelos membros do Conselho de Segurança e países da região (Catar, Turquia, Kuwait e Iraque), no dia 30 de junho.
Agência Efe (06/01)
O presidente da Síria, Bashar al Assad, discursou pela primeira vez nos últimos cinco meses para público em Damasco
Em sua primeira declaração nos últimos cinco meses, Assad reiterou que sua missão atual é “defender a Síria de seus inimigos” e rejeitou negociar com “terroristas”, como define os grupos opositores. O presidente sírio discursou neste domingo (06/01) diante de um público que o ovacionou.
Suas declarações foram muito criticadas por organizações rebeldes e pelos Estados Unidos, que apoia a mudança de governo.