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A justiça polonesa abriu uma investigação sobre quadro pintado com cinzas das vítimas do campo de concentração de Majdanek (Polônia), realizado pelo artista sueco Carl Michael von Hausswolff, que aparentemente pegou os restos sem a autorização das autoridades locais.
(Quadro do artista sueco foi exposto na galeria Martin Bryder no final do ano passado)
A investigação pretende determinar se houve roubo e profanação dos restos mortais, embora ainda não haja nenhuma evidência de delito, explicaram nesta quarta-feira (09/01) à Agência Efe oficiais da procuradoria da Província de Lublin, onde fica o campo de concentração-museu de Majdanek.
Há algumas semanas, fontes do museu situado no campo de concentração afirmaram que nos arquivos das instalações não consta nenhuma autorização para que o artista sueco utilizasse as cinzas.
Hausswolff expôs no final do ano passado a polêmica obra, elaborada a partir de uma mistura de cinzas de vítimas de Majdanek e água. O artista explica no site da galeria Martin Bryder (na cidade sueca de Lund), onde foi exibida a obra, que as cinzas foram recolhidas durante uma visita ao campo de concentração-museu de Majdanek em 1989, embora não dê detalhes de como as conseguiu.
O artista, que assegura que durante anos foi incapaz de tocar no material, diz que seu trabalho contém a energia dessas cinzas, as lembranças e as almas das pessoas torturadas e assassinadas nos conflitos mais cruéis do século XX.
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Se for provado agora que houve crime, o artista sueco poderia pegar uma pena de até oito anos de prisão.
Durante a Segunda Guerra Mundial, estima-se que cerca de 150 mil pessoas perderam a vida nesse campo de concentração nazista.
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Vista do crematório do campo de concentração de Majdenek, onde dezenas de milhares de pessoas foram incineradas
Nos arredores de Majdanek houve um dos maiores massacres do conflito, quando mais de 40 mil pessoas, incluindo 20 mil prisioneiros do campo, foram incineradas em apenas um dia pelas autoridades nazistas.
Depois da liberação, pelo campo, dos restos das suas vítimas, que estavam dispersos por todo o lugar, foram recolhidos e empilhados até 1969, quando se construiu um mausoléu coberto por uma cúpula de concreto, informou o museu.