O ministro de Defesa da França, Jean Yves-Le Drian, afirmou na noite deste domingo (20/01) que a presença das tropas francesas no Mali vai durar até a “reconquista total” do país pelo atual governo. Segundo ele, o contingente militar francês não deixará “focos de resistência”. Já pela manhã desta segunda-feira (21/01), tropas de soldados franceses e malineses entraram na cidade de Diabali, centro-oeste do Mali e a 350 quilômetros da capital Bamako.
A cidade havia sido conquistada há uma semana (14/01) pela coalizão de grupos rebeldes. Assim como a cidades de Konna, Diabali é considerado um ponto estratégico importante em razão de estarem relativamente próximos da capital e do aeroporto de Sévaré, local onde as forças rebeldes poderiam realizar uma ofensiva final contra as tropas do governo malinês.
Na última sexta-feira, oficiais franceses afirmaram terem tomado controle de Konna e Diabali. No entanto, ainda no domingo (20), jornais ainda relatavam a ocorrência de lutas entre os rebeldes e as forças francesas, aliadas ao governo. Muitos rebeldes teriam se escondido entre a população civil. No entanto, Le Drian havia reconhecido no domingo que a reconquista ainda não tinha ocorrido, mas deveria ocorrer “dentro das próximas horas”.
Agência Efe (16/01/2013)
Tropas francesas avançam no Mali para ajudar governo a retomar controle do país
Em seu discurso, Le Drian afirmou que o objetivo do governo francês é que as forças africanas assumam o papel de comando nas operações. “Se for necessário, as forças africanas podem solicitar o apoio das forças francesas quando chegarem a Timbuktu [principal cidade do Norte do Mali que representa a capital dos grupos extremistas islâmicos]”, disse o ministro.
O discurso de Le Drian pode representar uma mudança na posição francesa no conflito. Ao afirmar que ajudará na “reconquista total” do país, colônica francesa até 1959, ele não deixa claro se o governo lutará também contra o movimento separatista tuaregue, de orientação secular, que não estão mais ligados à coalizçao de grupos rebeldes de orientação islâmica radical. Até então, a França justificava sua entrada na guerra em razão do avanço desses grupos. Quando os tuaregues tomaram o controle do norte do Mali em abril do ano passado, a França, ainda presidida por Nicloas Sarkozy, preferiu não intervir.
Tomada de Diabali
Fontes militares francesas afirmam que um comboio de 200 soldados malineses e 30 tanques blindados entrou na cidade às 9h desta manhã (7h no horário de Brasília), sem encontrar resistência.
Essas tropas são integrantes do 21o regimento de infantaria da Marinha marine e de tropas paraquedistas. A entrada do comboio, segundo fontes oficiais francesas, foi precedida por “voos de reconhecimento” de helicópteros de pequeno porte do modelo Gazelle.
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Há um temor, por parte dos responsáveis das forças armadas dos dois países, que combatentes de um dos três grupos da coalizão rebelde, o Aqmi (Al Qaeda do Magreb islâmico) tenham implantado minas em diversas partes da cidade. Um coronel francês afirmou à agência France Presse, sem se identificar, que “uma parcela da população de Diabali aderiu às teses das tropas jihadistas e, portanto, deveremos ser prudentes nas próximas horas”.
Ainda segundo a France Presse, alguns moradores da cidade saíram às ruas para apoiar a chegada das tropas.
O comboio chegou a Diabali partindo da cidade de Nionno, 60 quilômetros ao sul, local onde foram realizadas missões de reconhecimento.
A guerra no Mali
A França entrou na guerra civil malinesa no último dia 11. O presidente francês, François Hollande, afirmou ter recebido um pedido de ajuda com urgência do presidente interino malinês, Diocounda Traoré. As tropas rebeldes que controlavam o norte do país se dirigiam ao centro e, dentro de alguns dias, poderiam tomar a capital.
O governo da França e o Mali lutam contra uma coalizão formada por três grupos de orientação muçulmana radical e jihadista, e que são acusados de praticar métodos terroristas: o Ansar Dine (Defensores da Fé), que querem implantar a sharia (lei islâmica) no país, o Mujao (Movimento de Unificação da Jihad na África Ocidental), que quer levar a jihad (conceito de guerra santa) para toda a região, e a Aqmi (Al Qaeda do Magreb Islâmico), grupo que possui ligações com a rede terrorista Al Qaeda.
França e Mali agora contam também com o apoio de tropas africanas de países vizinhos e com membros do MNLA (Movimento Nacional de Libertação do Azawad), grupo separatista de origem tuaregue que havia tomado o controle do norte do país em abril de 2012 com a ajuda dos outros três grupos, mas que rompeu com eles no mês de julho. O MNLA quer a criação de um estado independente no norte e reconhecimento internacional, enquanto os outros três grupos querem continuar avançando em direção ao sul.