O hino da Revolução dos Cravos de 1974, “Grândola, Vila Morena”, volta à cena quase 40 anos mais tarde como canção de protesto dos indignados portugueses, que a entoam para criticar o atual governo e denunciar a aplicação das políticas de austeridade fiscal que tem aprofundado a crise econômioca do país. Os protestos com a canção começaram no último dia 15, quando dezenas de pessoas forçaram a interrupção do discurso pronunciado no Parlamento pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho. Desde então, se espalharam de forma viral.
Na noite desta quinta-feira (28/02), O premiê foi vaiado mais uma vez durante mais um discurso em que defendeu as aplicação das medidas de rigor fiscal. Passos Coelho, por sua vez, permaneceu irredutível: “a indignação por si só não é suficiente”, disse Passos Coelho, disse, em resposta aos protestos.
Passos Coelho sendo interrompido há 15 dias pela canção símbolo da Revolução
O premiê reafirmou a determinação em manter-se “fiel” à estratégia de reduzir despesas e de cumprir com seu dever, frente à alternativa de “deixar tudo igual e não fazer nada”.
Em contraponto, chegou até a cogitar uma futura redução de impostos, mas só após o fim dos ajustes fiscais e da redução de gastos públicos.
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“Queremos uma tributação mais baixa e mais compatível com o potencial de crescimento da economia”, admitiu, mas sem reduzir os gastos públicos “ninguém pode comprometer-se a promover impostos mais baixos”.
O governo português planeja uma reforma para cortar 4 bilhões de euros para fazer frente aos objetivos de déficit que são exigidos pelo grupo de credores conhecido como “Troika”, formado por Coimissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. Essas medidas tem levado a uma recessão ainda maior e a altos ´pindices de desemprego, especialmente os jovens.
A oposição de esquerda, os sindicatos e os movimentos civis portugueses se opõem às medidas de austeridade. Eles pedem mais flexibilidade no programa de cortes em troca do resgate financeiro do país, imerso em uma grave crise econômica.
Passada a meia noite do dia 25 de abril de 1974, “Grândola, Vila Morena”, composta por Zeca Afonso, foi tocada na Rádio Renascença. Foi o sinal que deu início ao movimento revolucionário liderado por militares que trouxe a democracia a Portugal e acabou com quase 50 anos de ditadura.
(*) com agências de notícias internacionais