O líder da centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani, descartou em entrevista publicada nesta sexta-feira (01/03) pelo jornal La Repubblica a hipótese de um acordo de emergência com o partido do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de direita.
Líder da aliança que mais obteve votos na última eleição legislativa, realizada nesta semana, Bersani respondeu às recentes declarações de Berlusconi, que pediu que todos assumam suas responsabilidades perante a crise política italiana – embora o PD (Partido Democrático) tenha obtido a maioria na Câmara de Deputados, o equilíbrio de forças do Senado permanece indefinido, sem uma maioria clara.
Segundo o líder da centro-esquerda, o ex-premiê teve muitas oportunidades nos últimos 20 anos e falhou em todas. “Ele não concebe a responsabilidade além dos seus interesses e dos interesses dos seus. Portanto, quero deixar claro: a hipótese de um amplo acordo não existe nem existirá nunca”, afirmou.
Agência Efe
O líder da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, ainda não foi confirmado como o próximo premiê da Itália
Bersani se dirigiu também ao comediante Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, que se consolidou como a terceira força nas duas casas parlamentares, e o pressionou a decidir que posição adotará agora.
Nos últimos dias, Grillo, artífice da “antipolítica” na Itália e considerado o grande vencedor das eleições, anunciou que não apoiará a posse de um governo liderado por Bersani nem por nenhum outro, e desafiou Berlusconi e Bersani a apoiarem um Executivo liderado por seu movimento.
Na entrevista desta sexta-feira, Bersani explicou que se apresentará no Parlamento com uma proposta de “um governo de mudança” composta de sete ou oito pontos, com a qual se dirigirá a todas as forças políticas para ver quem está preparado para assumir sua responsabilidade.
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Ele ressaltou que a Itália deve ser governada e não pode ser deixada desordenadamente perante a Europa e os mercados. Também explicou que, entre os pontos principais do seu programa, estarão aspectos como a Europa, as temáticas sociais e a democracia.
“A austeridade por si só nos leva ao desastre. Na Europa, todos devem entender que o saneamento da dívida e do déficit é um tema que deve ser postergado. Agora existe outro tema urgente: o trabalho”, afirmou Bersani.
Bersani que também é primeiro-secretário do PD afirmou também que seu programa incluirá propostas para a redução dos parlamentares na Itália e o endurecimento das normas anticorrupção, entre outros pontos.
Resultados
Na Câmara, a coligação “Itália, Bem Comum”, liderada por Bersani e o PD ao lado dos Verdes, obteve a maioria dos votos (29,54%), o que lhe garantiu, por lei, o percentual de 55%, que, ao final da contagem resultou em 345 assentos na casa. A coligação de Berlusconi, formada por seu partido, o PdL (Partido da Liberdade) e da Liga Norte, de extrema-direita, entre outros, ficou com 125 vagas, seguido pelo Movimento 5 Estrelas, anti-político, com 109, e pela coligação de centro que apoiava o atual premiê, Mario Monti, com 47.
No Senado, que tem o mesmo peso da câmara, a situação é mais complicada: 123 para a centro-esquerda, 117 para os aliados de Berlusconi e 19 para Monti. Não há maioria absoluta e, até o momento, qualquer perspectiva de formação de aliança. O próximo premiê também ainda não foi definido.