Com as atenções do mercado voltadas para o programa de renegociação da dívida soberana do Chipre, os mercados financeiros pelo mundo mostraram sinais de nervosismo na manhã desta segunda-feira (18/03), com bolsas asiáticas fechando em queda e europeias abrindo com a mesma tendência. Além do mau desempenho das bolsas, na esteira do agravamento da crise das dívidas na zona euro, também é registrada a queda do euro face ao dólar e o aumento dos juros das dívidas dos países mais endividados.
O primeiro indicador negativo da crise ocorreu na Ásia, onde as bolsas registraram o pior desempenho em quase oito meses. O índice Nikkei, principal indicador da Bolsa de Tóquio, fechou em queda de 2,7%. O desempenho em baixa foi seguido pelo Hang Seng, de Hong Kong, em queda de 2%, o Strait Times, de Cingapura, com 0,9%, o Kospi de Seul, com 0,92%, o SET, de Bangcoc, com 0,41% e o KLCI, de Kuala Lumpur, com 0,39%. A exceção foi o SSE Composite, de Xangai, com alta de 1,68%.
O mau humor do mercado se espalha também pela Europa: em Londres, o FTSE abriu em baixa de 1,48%, seguido pelo DAX-30, de Frankfurt, com queda de 1,32%, o CAC-40, de Paris, com 2,08%, o PSI-20 de Lisboa, com 1,47%, o Ibex-35, com 2,85% e o FTSE-MIB, de Mião, com 2,84%.
Agência Efe
Japoneses passam sobre telão indicativo com os índices das bolsas mundias nesta segunda-feira
A mesma instabilidade se encontra no mercado cambial, onde a moeda única recuou, no início da manhã, para 1,2905 dólares, o valor mais baixo registrado em 2013, frente aos 1,3055 da sessão anterior.
Nos mercados secundários de dívida (revenda de títulos), os juros implícitos às Obrigações do Tesouro a dez anos de Portugal, Espanha, Grécia e Itália estavam em alta. No caso dos títulos portugueses, as taxas voltaram a superar a barreira dos 6%, enquanto no caso espanhol subiram para 5%.
A reação negativa ao programa de resgate cipriota acontece no dia em que o Parlamento cipriota votaria, em pleno feriado no país, as medidas do acordo que o governo negociou com a União Europeia. No entanto, o Parlamento decidiu de última hora postergar o pagamento para terça-feira (19/03).
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Em causa está um empréstimo de 10 bilhões de euros que tem como contrapartida o cumprimento, por parte de Nicósia, de um plano de medidas recessivas.
Entre elas está incluído um aumento de impostos sobre as empresas, que pode chegar a 12,5% e um imposto extraordinário sobre os depósitos.
Ele abrange todas as poupanças, e inicialmente previa a aplicação de uma taxa de 6,7% sobre os depósitos abaixo de 100 mil euros e de 9,9% sobre os acima deste valor. Após uma série de protestos nas ruas e críticas internacionais, o governo reviu a meta, diminuindo o primeiro valor para 3% e aumentando o segundo para 12,5% – o objetivo é suavizar o impacto das medidas para os pequenos poupadores.
A aprovação parlamentar não está garantida, já que o partido conservador de Anastasiadis, DISY, e seu parceiro, o centrista DIKO, só superam a maioria absoluta por um voto.
Revolta
O resgate da dívida aprovado na madrugada do sábado (16) desencadeou uma onda de revolta na população. Logo após a notícia, o povo saiu às ruas para retirar fundos de suas contas, mas os bancos cooperativos, os únicos que abrem durante o sábado, tinham recebido a proibição de permitir transferências bancárias.
Pouco depois, os bancos fecharam suas portas e as filas se mantiveram nos caixas automáticos, onde os cidadãos se preparavam para tirar o máximo permitido por dia, mil euros.
Em discurso televisado noite de domingo (17), o presidente afirmou que na reunião do Eurogrupo só havia duas opções: o plano de reestruturação da dívida ou a quebra do sistema bancário.
Anastasiadis prometeu aos cidadãos que mantiverem seus depósitos no banco por um período superior a dois anos que o Estado devolverá a metade do imposto extraordinário e oferecerá um bônus sobre as futuras receitas com a exploração de gás natural.
O Chipre conta com reservas de gás em suas águas territoriais e espera explorá-las nos próximos anos.