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Membros dos Brics têm buscado estreitar o relacionamento para diminuir dependência em relação aos países desenvolvidos
Os líderes dos cinco integrantes dos BRICS, bloco geopolítico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, vão se reunir nesta terça-feira (26/03), em Durban, com o objetivo de tornarem suas economias mais independentes dos países desenvolvidos e das crises internacionais. Por essa razão, os dois principais temas a serem abordados serão a criação de um banco de desenvolvimento próprio e de um fundo comum de reservas monetárias.
O “Banco dos Brics” teria a função de mobilizar recursos para financiar projetos de infraestrutura nos países mais atrasados do grupo, mas também poderá emprestar dinheiro para outras economias que não componham o bloco, com um papel semelhante ao do Banco Mundial.
De acordo com o jornal espanhol El País, há uma perspectiva de que a nova instituição tenha um capital inicial mínimo de 50 bilhões de dólares – ou dez bilhões por sócio. No entanto, a expectativa, segundo autoridades brasileiras confidenciaram à agência Reuters, é que ele comece a operar com um montante de 90 a 120 bilhões de dólares. O valor, porém, não será necessariamente estipulado até o final do encontro desta semana. Também não se sabe ainda qual será sua sede nem em qual moeda deverá operar. A iniciativa de sua criação surgiu há um ano, através da Índia e da África do Sul.
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Em entrevista ao jornal espanhol, o ministro brasileiro de Desenvolvimento, Comércio e Indústria, Fernando Pimentel, afirmou que as incertezas geradas pela crise das dívidas soberanas na União Europeia e o lento ritmo de recuperação econômica dos Estados Unidos voltam a confirmar o fato de que a economia global depende cada vez mais do desempenho dos emergentes. “Estamos avançando, mas não acho que devamos ver o Banco Mundial como um rival (…) [O banco] seria um mecanismo para estreitar a cooperação e uma alternativa de financiamento para os países em desenvolvimento”.
Agência Brasil
Para o ministro Fernando Pimentel, a nova instituição financeira dos Brics não competirá com o Banco Mundial
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Riabkov, declarou ao site Voz da Rússia que as perspectivas para a criação da instituição ficarão mais claras dentro de alguns dias. Segundo ele, “há uma oportunidade de trabalhar de forma eficaz, sem criar superestruturas burocráticas e secretariados que não tenham ideia da sua missão”.
A agenda do encontro também prevê a criação de um mecanismo de reservas para reforçar a estabilidade financeira dos países do bloco. Se essa proposta, sugerida pelo Brasil, for aprovada, os cinco integrantes dos Brics terão mais autonomia para reagir perante crises, sem depender de órgãos como o FMI (Fundo Monetário Internacional), que obriga os devedores a se submeterem a políticas de austeridade fiscal.
Outras propostas
A reforma das instituições mundiais também será outro tema de discussão. Os países-membros defendem reformas nas instituições financeiras criadas nos acordos de Bretton-Woods, após a II Guerra Mundial. “O FMI é necessário e segue sendo relevante, mas deve modernizar sua estrutura de governança”, diz Pimentel.
Além dessas medidas, está prevista a implementação de um foro científico e um conselho de centros analíticos. Este último terá como objetivo efetuar análises políticas e elaborar estratégias de longo prazo ao bloco.
A Rússia, por sua vez, propôs a criação de um órgão de coordenação permanente, com o objetivo de desenvolver o organograma do bloco. No foro de Durban será apresentado um projeto do sistema informático global, que servirá de base para um cabo óptico transcontinental que ligará os centros econômicos dos cinco países.