O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta segunda-feira (25/03) a transferência do dinheiro que o país devia à ANP (Autoridade Nacional Palestina) pelos impostos e tarifas que arrecada em seu nome, informou a presidência do governo em comunicado.
O novo ministro das Finanças, Yair Lapid, “dará instruções ao pessoal de seu ministério para que renove a transferência de fundos”, diz o comunicado, cuja decisão foi tomada seguindo a opinião do Gabinete de Segurança. Isso sugere que não se trata de um pagamento único, mas de retomar as transferências que Israel é obrigada a realizar mensalmente segundo o protocolo econômico dos acordos de paz de Oslo, realizados em Paris em 1995.
Segundo o jornal israelense Haaretz, Netanyahu havia planejado fazer o anúncio no domingo (24/03), mas esperou até logo antes do feriado da Páscoa, “quando políticos e o público israelense prestam menos atenção às notícias”.
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Em novembro de 2012, Netanyahu havia ordenado a suspensão da transferência de US$100 milhões em fundos como represália à mudança de status na ONU da Palestina parar estado observador não membro, liderada pelo presidente da ANP, Mahmoud Abbas. O congelamento causou duras dificuldades à ANP, uma vez que representa mais da metade de sua renda, e a milhares de famílias palestinas que dependem de cargos públicos.
A nova decisão acontece dias depois da visita à região do presidente norte-americano, Barack Obama, quando pediu por “passos que ambos palestinos e israelenses podem tomar para construir a confiança sobre a qual a paz dependerá” e anunciou que liberaria US$500 milhões para a ANP, congelados pelo Congresso no fim do ano passado. Além disso, no sábado, o secretário de Estado, John Kerry, retorna a Jerusalém para continuar o processo de convencer a israelenses e palestinos que reiniciem o processo de paz.
Em fevereiro, Netanyahu ordenou transferir à ANP os impostos daquele mês a fim de acalmar os ânimos na Cisjordânia e abafar os protestos populares que aconteceram por devido a uma prolongada greve de fome de vários presos e da morte de um recluso palestino na prisão israelense de Meguidó. Apesar disso, advertiu que se tratava de um pagamento excepcional.
Israel arrecada o dinheiro para a ANP de palestinos que trabalham em seu território e de produtos que passam por portos israelenses e, segundo os compromissos assinados, deve ser entregue aos palestinos no dia 5 de cada mês. No começo de março, o FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou que a situação financeira da ANP estava “em crescente precariedade” e seus 160 mil funcionários na Cisjordânia e na Faixa de Gaza não recebiam salários completos fazia meses.
De acordo com o Haaretz, em novembro do ano passado, quase 1 bilhão de shekels, equivalente de US$273 milhões na moeda israelense, foram confiscados de impostos palestino para compensar dívidas da ANP com a Israel Electric Corporation e outras organizações israelenses.
* Com informações de Efe, The Guardian e Haaretz