A demora e os termos da decisão da Troika para realizar o empréstimo de 10 bilhões de euros (cerca de 26 bilhões de reais) ao Chipre – mais um resgate e mais um capítulo da crise na União Europeia – motivou a oposição alemã a disparar nesta segunda-feira (25/03) uma série de críticas à maneira com que a atual chanceler, Angela Merkel, tem gerido os problemas financeiros do bloco.
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O líder da centro-esquerda alemã, Peer Steinbrück, aparece com menos da metade das intenções de voto em relação a Merkel
As eleições federais alemãs estão marcadas para setembro deste ano e, segundo pesquisas recentes, Merkel, do partido conservador CDU (União Democrata-Cristã), é favorita a mais quatro anos no cargo. Seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, é a peça principal no xadrez do Eurogrupo, que ratificou o resgate ao Chipre com perdas para os depositantes com fundos acima de 100 mil euros na ilha mediterrânea.
Para o líder do SPD (Partido Social-Democrata alemão, centro-esquerda), Peer Steinbrück, virtual adversário de Merkel nas urnas em alguns meses, “a confiança na Europa foi quebrada”. “A chanceler e o ministro das Finanças são os responsáveis por existirem agora dúvidas profundas sobre a gestão da crise europeia”, escreveu, em nota.
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O SPD defende como solução à crise a emissão de títulos da dívida no mercado, os chamados Eurobonds, além de uma integração fiscal mais aprofundada no bloco. As medidas são consideradas impopulares. Existe um sentimento de que a população alemã terminaria pagando pela irresponsabilidade financeira de países em crise como Portugal, Grécia, Irlanda, Itália, Espanha e, agora, o Chipre.
A primeira vice-presidente do partido A Esquerda (Die Linke), Sarah Wagenknecht, afirmou que o plano para remodelar a economia do Chipre é “insustentável”. “A chantagem do Banco Central Europeu de Merkel e companhia vai acabar atingindo o pagador de impostos europeu, porque a dívida cipriota, em níveis gregos, não poderá ser paga com uma economia estrangulada pela Troika”, sublinhou.
Segundo pesquisa do instituto Forsa, divulgada no dia 13, Merkel tem 58% da preferência do eleitorado alemão, enquanto Steinbrück aparece com 20%. A Esquerda, que não apresentará candidato a chanceler, tem 7% das intenções de voto, de acordo com números da INSA/YouGov apresentados no dia 22 de março.