A ex-presidente chilena Michelle Bachelet voltou ao seu país na manhã desta quarta-feira (27/03), após um período em Nova York, onde atuou como diretora executiva da ONU Mulheres por quase três anos. Aplaudida por simpatizantes ao chegar a Santiago, Bachelet disse se sentir comprometida com seu país, mas não se pronunciou sobre sua possível candidatura para as próximas eleições presidenciais, em novembro.
Efe
Aplaudida por simpatizantes, Bachelet disse estar “muito feliz” com sua volta e querer contribuir na melhora do país
Ao chegar, a ex-presidente chilena classificou seu trabalho na Organização das Nações Unidas como “maravilhoso”, mas afirmou que “há outras pessoas que continuam nessa tarefa, e eu me sinto muito comprometida com meu país. E é por isso que decidi voltar”. Bachelet expressou ainda estar “muito feliz por estar de volta”.
Apesar de não mencionar diretamente se será ou não candidata à presidência do país pela coalizão de centro-esquerda Concertação, Bachelet disse que “ainda tem muita coisa por fazer para que o Chile seja um país melhor para todos e todas”. “Também quero contribuir com isso, para gerar outras condições para que seja um país mais justo, solidário e participativo”, completou.
NULL
NULL
A breve declaração da ex-presidente foi feita a um grupo restrito de colaboradores, conselheiros regionais e familiares que a recepcionaram em sua chegada, segundo a imprensa local. Carolina Tohá, prefeita do centro de Santiago e ex-ministra de Bachelet, afirmou que a ex-presidente não ficará sozinha: “Estamos prontos para começar uma nova etapa, para fazer as mudanças necessárias”, disse, complementando que “são muitas as pessoas que confiam em Bachelet”.
Segundo a imprensa local, espera-se que, nas próximas horas, Bachelet – que renunciou à diretoria da ONU Mulheres há duas semanas – se pronuncie sobre sua candidatura presidencial para as eleições, cujo primeiro turno está marcado para 17 de novembro. A possibilidade gera expectativa entre partidos aliados e governistas.
O presidente do PS (Partido Socialista), Osvaldo Andrade, afirmou à emissora CNN Chile que tanto sua sigla como o PPD (Partido Pela Democracia) esperam que a ex-presidente “emita um pronunciamento oficial, formal, a respeito de sua disposição de ser candidata”. Segundo o deputado, “não há dúvidas de que o fato de que tenha voltado para o Chile é um sinal” de sua intenção de candidatar-se.
Já o senador pela Democracia Cristã, Jorge Pizarro, ressaltou que a liderança de Bachelet “pode unificar a maioria da oposição e a milhares e milhares de chilenos que hoje estão frustrados”, afirmou. Por sua parte, o senador Andrés Zaldívar, da mesma sigla, afirmou estar “completamente convencido” de que a decisão de Bachelet “já está tomada”. “Por alguma razão ela voltou ao Chile e suas declarações o demonstram”.
Para o opositor Carlos Larraín, da RN (Renovação Nacional), partido do presidente Sebastián Piñera, a volta de Bachelet terminará com as incertezas acerca de suas propostas presidenciais. Já Patricio Melero, da UDI (União Democrata Independente), disse que a ex-presidente tem um “teto de vidro gigantesco” acerca de sua gestão em setores como a educação.
O candidato à presidência Andrés Allamand, também da RN, disse que a volta de Bachelet é positiva “para que os chilenos tenham a oportunidade de comparar, escolher entre alternativas diferentes e assim eleger que tipo de liderança e que tipo de presidente o Chile precisa para solucionar os problemas pendentes e abordar os desafios futuros”.
Segundo ele, “é claro” que a ex-presidente será a candidata da Concertação. O senador José Antonio Gómez, do PRSD (Partido Radical Social Democrata), por sua vez, espera que a decisão acerca da candidatura de Bachelet seja decidida rapidamente. “Isso gera imediatamente o início da campanha, nos permite falar de debate, das ideias, e nos interessa que isso seja o eixo central de uma campanha, e não só da popularidade e de bons índices nas pesquisas”, afirmou.
Os governistas e aliados do atual presidente chileno também comemoraram “o fim do silêncio” da mandatária sobre suas intenções eleitorais. Em dezembro, quando questionada publicamente sobre a possibilidade, Bachelet respondeu: “Vamos conversar em março”, dando a entender que este mês é o prazo para o anúncio de sua decisão final.