O ministério das Relações Exteriores da Venezuela emitiu um comunicado nesta quinta-feira (02/05) no qual rechaça as recentes declarações dos Estados Unidos e da OEA (Organização dos Estados Americanos), sobre a situação política do país. O texto expressa rejeição a “qualquer tentativa de promover mediações não requeridas”, e disposição a confrontar “qualquer ingerência” por parte de “quem não tem moral para falar de diálogo, democracia e paz”.
Efe (27/04/2013)
Presidente venezuelano Nicolás Maduro, acompanhado do chanceler Elías Jaua, fazem visita a Havana, capital cubana
O governo “rechaça contundentemente as desmensuradas e ingerentes declarações do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, dadas em evidente e estreita coordenação com porta-vozes do Departamento de Estado e da Casa Branca”, expressa o texto, segundo o qual estas pretendem “gerar a percepção de una crise política na Venezuela que dê merecimento à sua mediação”.
O comunicado considera que a pretensão de mediação dos porta-vozes são “absolutamente cínicas e imorais, especialmente quando provêm dos que minimizaram e invizibilizaram os graves fatos de violencia” ocorridos no período pós-eleitoral do país, quando pelo menos nove pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas. “Nada ou pouco esses porta-vozes disseram sobre os assassinatos políticos”, complementa.
O texto da chancelaria atribui a responsabilidade dos fatos ao desconhecimento dos resultados eleitorais pelo opositor Henrique Capriles, derrotado no pleito, e sua convocação a um panelaço, contra a proclamação de Nicolás Maduro como presidente venezuelano. Apesar de ter pedido um protesto pacífico, a situação saiu de controle quando postos médicos localizados em urbanizações populares, onde trabalhavam médicos cubanos, foram a atacados e sedes do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) sofreram tentativas incendiárias.
“Nada ou pouco disseram estes porta-vozes sobre a promoção, por parte de líderes da oposição venezuelana, de uma política xenofóbica contra os médicos e profissionais da saúde de nacionalidade cubana, que prestam serviço ao povo mais humilde da Venezuela”, alega o comunicado, afirmando que este “silêncio” é “cúmplice e imoral e alguns governos e organizações internacionais”.
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A chancelaria afirma ainda que a Venezuela vive “plena estabilidade política e institucional, com um governo legítimo e legal”, dirigido por Maduro. Na conclusão, o texto expressa ainda que o país “rejeita firmemente qualquer tentativa de promover mediações não requeridas, e se mostra disposto a confrontar, com toda força que lhe permite ser um país independente, qualquer ingerência de quem não tem motal para falar de diálogo, democracia e paz, pois pragaram o mundo de guerra, violência e morte durante os séculos XX e XXI”.
OEA
Nesta quarta-feira, Insulza se referiu ao confronto registrado na Assembleia Nacional do país no dia anterior, quando deputados trocaram socos e pelo menos 10 resultaram feridos. A oposição atribui a violência aos governistas, que por sua vez acusam a bancada adversária de provocação. “Isso reflete de maneira dramática a ausência de um diálogo político que possa dar tranquilidade à cidadania e aos integrantes dos poderes públicos para resolver, em um clima de paz e entre todos os venezuelanos, os assuntos pendentes nesse país”, expressou o representante da OEA.
Insulza também lamentou a medida do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, respaldada em maioria por deputados governistas, de proibir o direito de palavra a legisladores que não reconhecessem a presidência de Maduro, e pediu que o governo realizasse “gestões” para reestabelecer “o direito inalienável dos parlamentares a se expressar livremente”. Para Cabello, os deputados que desconhecem a gestão de Maduro, mostram desrespeito às instituições do país.
Os EUA, por sua vez, manifestaram, em coletiva de imprensa, estarem “preocupados” pelos fatos registrados no parlamento venezuelano. “Expressamos nossa solidariedade com os feridos e urgimos a todas as partes a que se abstenham de atitudes que contribuam a enfrentamentos físicos”, expressou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Patrick Ventrell.
Efe (25/04/2013)
Venezuelanos residentes em Nova York pedem intervenção da ONU no país sul-americano. “ONU. A Venezuela precisa de você”
O porta-voz também afirmou que os EUA “possuem relações bilaterais com países, não com governos”, que segundo ele, continua. “Mas dissemos que geraria mais confiança entre o povo venezuelano se houvesse uma recontagem completa [dos votos] e uma investigação das [supostas] irregularidades”, indicou.